Mais
uma noite de rock na cidade e o Portal Soterorockpolitano foi conferir, dessa
vez, algo distante das prioridades do site: um evento cuja banda principal era
uma banda de covers. Nunca guardei de ninguém o meu desgosto por bandas desse
tipo. Respeito as escolhas que cada grupo faz para por em prática a sua
proposta musical, mas não enxergo isso como algo necessário para o cenário de
qualquer cidade, inclusive o de Salvador.
Para
mim, vale muito mais a pena ver um show de uma banda autoral, do que uma outra
que presta tributo a uma terceira. Entendo que a existência desses conjuntos
está mais ligada ao entretenimento das pessoas que vão prestigia-las...
ao ego aquecido que os músicos terão a cada resposta positiva da audiência e ao dinheiro que eles vão conseguir para bancar o seu trabalho autoral (se tiver), mas não acredito caminhem muito alem disso.
ao ego aquecido que os músicos terão a cada resposta positiva da audiência e ao dinheiro que eles vão conseguir para bancar o seu trabalho autoral (se tiver), mas não acredito caminhem muito alem disso.
Enfim,
deixando o preconceito um pouco de lado, coloquei a velha camisa de flanela e
fui conferir as quatro bandas da festa (pelo menos duas delas tinham músicas
próprias). A noite estava gelada e eu um pouco atrasado para ver o inicio das
apresentações, mas cheguei a tempo de ver a primeira banda. O lugar estava
cheio e a Blue Road tocou o seu repertório de covers que passeou entre os anos
1960 e 1980. Sendo bem justo, os bons músicos do grupo se preocuparam em fazer
versões das músicas, e não cópias das originais, dando um ar diferenciado a sua
atuação. Mas tudo tem limite: uma versão de “Light My Fire” virou salada de
frutas quando a ela foi misturada Rita Lee, Yes e mais outras referencias
oitenistas. Essa doeu no juízo.
Logo
após, subiu ao palco a Invena e pensei comigo: “Agora sim, uma banda com
repertório de canções próprias”. Só que não, não totalmente. Aproveitando o
clima da noite, o conjunto começou a sua apresentação com uma sequencia de dois
covers e só na terceira eles tocaram uma música própria. Já estaria de bom
tamanho se a banda optasse por ter somente essas duas no seu setlist, mas a
quantidade cresceu para um total de onze covers contra nove autorais.
Para
mim foi um exagero, considerando o fato de que este é um grupo possuidor de um
trabalho próprio. Na performance, ficaram claras a ótima qualidade dos músicos
e a boa presença de palco do seu frontman, e acredito que isso melhorou a
execução de suas próprias canções. A duração de uma hora e quarenta minutos de
apresentação impediu que a banda segurasse a maior parte das pessoas dentro do
Pub e a participação do Gustavo Mullem (Camisa de Vênus), na música “Hoje”, e “Me
Dar Bem”, da própria banda, foram momentos ápices do show.
O
som seguiu com a Garden (AL), executando o seu oficio de ser a banda cover do
Pearl Jam. O repertório foi montado, principalmente, em cima dos discos “Ten” e
“Yield” e não fugiu do óbvio, tocando os singles mais conhecidos dos rapazes de
Seattle. O mais distante que eles chegaram do lugar comum foi em “Corduroy”,
faixa do disco “Vitalogy” que é presença certa nos shows do PJ.
Com o
vocalista que pareceu ter frequentado o “The Eddie Vedder Institute”, de tão
parecido com o original, cheguei a pensar que eles fossem tocar canções mais
obscuras. Mas fiquei só no pensamento mesmo, pois o relógio já havia chegado às
quatro da manhã e isso parecia que não ia acontecer. Tendo que voltar para casa
antes do termino das atividades, fica aqui as mais profundas e sinceras
considerações a Rivermann, que ficou com a tarefa de fechar a noite com seu repertório
autoral.
Ainda
assim, foi uma noite divertida, as bandas covers não me fizeram mal e também
não me fizeram mudar de opinião sobre elas. Em uma lanchonete próxima, ainda
ganhamos o direito de ver sósias do Harry Potter, do Jesus Cristo e da Michonne
na mesma mesa, provando que as copias estão em todos os lugares e que o rock
segue em frente para não criar limo.