A
Callangazoo é uma banda da qual gosto de escrever. Além de gostar do seu som,
ela é uma das mais ativas do cenário, seja fazendo shows, ou gravando disco (um
a cada ano desde o início de suas atividades) e até mesmo agindo diferente na
forma de divulgação do seu trabalho, correndo atrás dos meios que podem levar
as suas musicas para lugares cada vez mais distantes e fazendo valer cada
esforço nesse sentido. É justo ela ter espaço por aqui sempre que lança algo novo.
O Dipatchara
é a continuidade da musica cada vez mais cheia de personalidade que os rapazes
fazem. O rock ensolarado, de arranjos divertidos e swingados estão presentes
nesse disco de forma mais madura e mais redonda. Ele não se difere tanto dos
demais trabalhos, porém, isso não é um aspecto negativo nos calangos azuis. É
até bom e interessante, porque acompanhar a evolução de um grupo como esse,
atesta que há uma identidade sendo formada e cada vez mais forte. Ainda mais
que novos elementos se inserem dentro dessas novas composições.
O EP
abre com O Princípio é a Intenção com uma guitarra de pegada setentista
em uma roupagem pop bem adequada para tocar no radio, isso antes de cair no
balanço dançante do baixo, seguido de viradas de bateria e de um solo de
guitarra já característico da banda. A faixa título tem uma introdução que
lembra algo feito pelo Alceu Valença quando este era chamado de "o
príncipe do pop nacional" e traz a essência bem humorada e suave da banda
dando as caras na obra. Espero Ter Você Ali começa mais rock com um
efeito trêmulo na guitarra e riffs assobiáveis e uma boa letra que versa sobre
como as coisas ficam bem quando se está acompanhado por alguém que se gosta. Em
Jenesequá o grupo introduz pela primeira vez a influência da literatura
em sua música, com o texto dessa faixa sendo inspirado no conto
"Jenesequá: uma parábola", do Luis Fernando Veríssimo. A canção tem
uma levada boa, backing vocals bem colocados e um banjo, todos eles formando
uma trilha sonora de um interessante western. Redoma fecha o disco e
traz consigo uma valsa envolvente e sinuosa que poderia ser esticada mais um
pouquinho, misturada com o rock bem típico dos rapazes.
Como
os outros, Dipatchara é um disco que, mesmo sendo um pouco mais sério do
que os anteriores, anima e deixa um dia de sol mais claro, assim como um fim de
tarde mais suave no balanço da rede e na caminhada casual, sozinho ou bem
acompanhado. A produção do Irmão Carlos colaborou bastante para o disco ter a
sonoridade que ganhou e as novas influencias que os integrantes trouxeram para
dentro da banda deu um diferencial muito significativo ao som da Callangazoo. A
arte da capa, feita pelo artista Marceleza de Castilho, que é tipo uma mandala
caleidoscópica, embeleza e se liga bem ao conceito do disco. Escute e fique de
boa! Escute e fique dipatchara!
*Matéria originalmente publicada em 10/11/2015.