Pular para o conteúdo principal

Heavy Lero é 100! Por Leo Cima.


Nesta próxima quinta feira (13/04), vai ao ar no canal do Kazagastão a centésima edição do seu principal programa, o Heavy Lero, dessa vez com destaque especialíssimo para a clássica banda Black Sabbath, em sua fase com o Ozzy Osbourne nos vocais. Em seu terceiro ano de presença no youtube e de uma já bem sucedida jornada, o HL é apresentado pelo jornalista e ex-vj da MTV, Gastão Moreira, ao lado do Clemente Nascimento, vocal d’Os Inocentes e da Clemente e a Fantástica Banda Sem Nome.

Para quem não conhece, o canal exibe ainda o Arquivo KZG, com matérias históricas feitas pelo Gastão resgatadas do seu acervo pessoal, o Em Kaza!, onde entrevista figuras carimbadas do rock e o KZG Recomenda, com boas sugestões do universo roqueiro. O Heavy Lero é sua ponta de lança, sempre trazendo em suas edições quinzenais bandas referenciais do rock mundial e nacional, falando sobre elas de maneira descontraída, objetiva e com forte perfil documental, tendo algo que não pode passar despercebido: um sólido embasamento fincado em uma pesquisa profunda e detalhada sobre os ícones homenageados. É um verdadeiro banquete do bom e velho rock’n roll para quem é amante de boa música sem prazo de validade.

É bom frisar aqui o quanto é importante a existência de um canal com o conteúdo como o do Kazagastão nos dias de hoje. Para o universo do rock de uma maneira mais abrangente, vivemos em um tempo, no mínimo, estranho, e chegar a um programa de número 100 não é uma das tarefas mais fáceis. A cada ano que se passa, as adversidades no percurso do rock vão se acentuando e uma ação como essa para manter a sua chama acesa é louvável. Depois do advento da internet ficou bem comum de se perceber, em boa parte das pessoas dessa mais recente geração, o quanto o interesse pela busca mais curiosa por novos sons vem se enfraquecendo (mesmo com um mundo infinito de músicas disponíveis). Muita gente tem se contentado com a superficialidade dos serviços de streaming, indo somente até onde esse recurso sugere a cada semana quando se abre um aplicativo.

Essa aparente facilidade de ter acesso a novidades sonoras pode não ser tão benéfica quanto parece! Grandes nomes do rock nos deixaram nesses últimos anos e a expectativa pelo surgimento de novas figuras significativas do gênero não é empolgante. A perda do espaço na mídia tradicional para outros estilos tem sido cada vez maior. Você pode até dizer que tem bandas e artistas solo de rock na mídia convencional, mas convenhamos, a qualidade e a sinceridade da maioria delas são altamente questionáveis. Um norteamento sobre o que há de melhor no rock se faz importante e urgente em épocas como a que estamos vivendo e é justamente aí onde o Heavy Lero se faz fortemente presente!

O já citado embasamento é apresentado com bastante sinceridade, empolgação e engajamento pela dupla, que conta com uma equipe que se esforça para deixar redondo o programa que chega até você. É algo feito por pessoas que realmente gostam do assunto sobre o qual estão falando e que acreditam na força e na relevância que essa música possui. Isso é um bom diferencial para a sua qualidade. Cada edição pode ser capaz de levar um bom conhecedor de uma determinada banda a se surpreender com um ou vários fatos que não sabia sobre ela, para depois fazê-lo correr até o seu aparelho de som para escutar os seus respectivos discos. Isso aconteceu comigo no especial do Soundgarden! Ou ainda elucidar as histórias de grupos como a da Secos e Molhados, da Siouxsie and the Banshees e do Stevie Ray Vaughan, que provavelmente você não iria ver em outro lugar, não da maneira clara e vívida que é feita pelo canal.


Esse cuidado minucioso fica mais evidente na recém exibida sequência épica de três programas seguidos dedicados exclusivamente aos Ramones. E a coisa só tende a melhorar! Acompanhar as postagens significa ver também o respeito pela memória da boa música e sua preservação, para que ela prossiga ao longo do tempo influenciando muita gente em várias frentes, seja compondo canções ou comunicando. Reafirmando: a caminhada até este centésimo programa foi feita com muito afinco, suor e na crença de estar contribuindo de maneira pertinente para o fortalecimento do rock. Portanto, nesta quinta feira, reserve alguns minutos do seu dia para assistir ao especial do Black Sabbath. Atenda ao chamado do KZG, assine o canal e se junte aos seus mais de 50.000 inscritos e à sua causa! Pois então, “de música ruim, já deu”!

Link do canal: https://www.youtube.com/user/heavylero1

Popular Posts

O Pulsar Rebelde do Rock Baiano nunca tem fim!

O rock baiano, desde suas origens, sempre foi um terreno fértil para a inovação e a fusão de estilos. Se olharmos os textos de Léo Cima aqui do blog "Soterorockpolitano", você vai ver que o cenário atual do rock na Bahia continua a se reinventar, mantendo viva a chama de suas raízes enquanto abraça novas influências. Nos anos 70 e 80, o rock baiano emergiu com uma identidade própria, mesclando ritmos regionais como o samba e o axé com as guitarras distorcidas e a energia do rock. Bandas como Camisa de Vênus e artistas como Raul Seixas marcaram época, criando um legado que até hoje inspira novas gerações. Atualmente, o cenário do rock na Bahia é caracterizado por uma diversidade impressionante. Bandas como MAEV (Meus amigos Estão Velho), BVOE (Búfalos Vermelhos e Orquestra de Elefantes), Entre Quatro Paredes, Demo Tape, URSAL, LUGUBRA, Declinium, Venice e muitos outros nomes trazem novas sonoridades, combinando letras poéticas e engajadas com arranjos que passeiam pelo indie,

Uma viagem no tempo, sem perder tempo. Por Leonardo Cima.

Todos os discos que lançamos pelo selo SoteroRec é especial, com cada um possuindo a sua particularidade. Cada um deles carrega uma história interessante por trás de suas faixas, que as vezes não chega ao ouvinte, mas que fortalecem o fator intangível agregado no resultado final de uma obra. Com toda banda é assim e com a Traumatismo não poderia ser diferente. Foi bem curiosa a maneira como a banda chegou ao nosso acervo. Estava eu conversando com o Adrian Villas Boas, hoje guitarrista da banda Agrestia, sobre a proposta do selo de também promover o resgate da memória da cena local, quando ele me falou que havia essa banda na qual ele fez parte tocando baixo, que chegou a gravar um disco não lançado e que se encaixaria muito bem com o propósito colocado, indicando-a para o catálogo, caso a gente  tivesse interesse nela. Eu, que já fiquei entusiasmado antes mesmo dele citar o nome do grupo, ao saber de qual banda se tratava, fiquei mais empolgado ainda. A Traumatismo, anteriormente cham

O garage noir da The Futchers. Por Leonardo Cima.

Nesses últimos dois meses, o selo SoteroRec teve a honra e a felicidade de lançar na sua série Retro Rocks, os trabalhos de uma das bandas mais interessantes que a cena local já teve e que, infelizmente, não teve uma projeção devidamente extensa. Capitaneada por Rodrigo "Sputter" Chagas (vocal da The Honkers), a The Futchers foi a sua banda paralela idealizada e montada por ele próprio no final do ano de 2006. A propósito, o nome Futchers vem inspirado da dislexia do compositor britânico Billy Childish, que escreve as palavras da mesma maneira que as fala. Ele, ao lado de mais quatro integrantes, também de bandas locais da época, começaram os ensaios com uma proposta sonora voltada mais para o mood e o garage rock, se distanciando um pouco dos seus respectivos trabalhos nos grupos anteriores. Relembrando um pouco daquele período e como observador, esse "peso" de não ter que se repetir musicalmente recaía um pouco mais sobre Rodrigo. Não que houvesse isso