Dizem que quando uma banda acaba, é
por que uma outra melhor surgirá das suas cinzas. Na história do rock existem casos
e mais casos desse tipo e a Bahia não foge a esse aspecto místico desse estilo
musical. Geralmente, os músicos que se mantêm seguindo as suas carreiras
apresentam uma certa evolução e uma certa maturidade em relação as suas bandas
anteriores, como por exemplo a Retrofoguetes, a Hardrons e ao The Mars Volta. A
boa nova em questão, é a banda ExoEsqueleto, que é formada por ex integrantes
das bandas Sine Qua Non (Ricardo Bittencourt e Renato Almeida) e Headphones
(André Dias).
Neste ano de 2013 eles lançaram o seu
primeiro trabalho, o disco intitulado ExoEsqueleto Sessions, que foi produzido pela
própria banda e pelo produtor Vandex. O cd possui boas influências de blues, black
music bem swingada, rock, música baiana e ótimos ecos de suas antigas bandas,
tudo isso com um caráter bem intimista e um ótimo instrumental. A segurança dos
músicos nos seus instrumentos já se faz perceber nas primeiras músicas, com
ótimos solos de guitarra e, principalmente, viradas inesperadas das canções.
Esse último aspecto é algo recorrente durante o disco e “Sadismo”, “Estático
Cult” e a psicodélica com pegada Radiohead na fase The Bends, “Rarefeito”, são
bons sinais do que vem adiante. “Visceral” é um rockão pra frente e sem
frescuras, forte e veloz, é nessa faixa que começam a aparecer as influências
da música baiana no som dos caras e tudo nela fica em equilíbrio, com certeza é
um dos principais destaques do disco. “Randômico” e “Necessidade Atônita”
mantêm um clima atmosférico tranquilo e cheio de boas nuances e texturas de
guitarra, linha de baixo bem construída e bateria inteligente fazendo viradas
na hora certa. “Vermelhos” e “Desconforto” encerram a sequência das músicas amarrando
bem o disco em uma boa unidade.
O ExoEsquelto Sessions é um interessante disco de estreia e mostra uma banda atenta ao que acontece ao seu redor e experiente para processar bem as suas influências com muita personalidade. A sua proposta musical é bem exposta, uma vez que as músicas seguem uma sequencia que permite ao ouvinte perceber os elementos que existem nelas, tornando a experiência um tanto curiosa e quase obrigatória à novas audições para ouvir aquelas mudanças inesperadas nas canções. Os elementos da black music e da música baiana são sabiamente usados, não contendo exageros que poderiam levar a banda à lugares distantes do rock e, com isso, se perder no meio do caminho. A cozinha é bem entrosada, o que deve ser fruto da vivência musical entre Ricardo Bittencourt e Renato Almeida iniciada lá na Sine Qua Non e os solos de guitarra de André Dias são bons e cabia espaço para mais. Quanto aos vocais, eles podem melhorar um pouco, mas não compromete o desempenho do cd.
É bem provável que essas músicas
ganhem mais força ao vivo e, no saldo final, vale a pena procurar o
ExoEsqueleto Sessions para escuta-lo. A banda é ativa e os rapazes não estariam
fazendo esse som se não fossem bons no ramo. Não se surpreenda se você se bater
com eles por aí pelos shows da cidade e se perguntar por onde andava que não
conhecia ainda a ExoEsqueleto.