Um
tributo a alguma banda, ou a algum artista, costuma cair sempre no lugar comum.
Tende-se a privilegiar um estilo musical específico e a contemplar um
determinado público, acabando por afastar novos ouvidos e levar ao ouvinte uma
sensação de deja vú e até mesmo, dependendo da expectativa, à uma certa
frustração. Não é o caso de “Eu Não Quero Ser o Que Você Quer”, a homenagem à
banda baiana Pastel de Miolos.
Comemorando
18 anos de estrada, a PDM ganhou esse presente que contém nada mais e nada
menos do que 34 bandas e artistas daqui e de fora do Estado, e que é uma
verdadeira mistura de estilos musicais que enriquecem a obra. Essa diversidade
é um aspecto interessante e que oferece um “cala a boca” para aqueles que
insistem em afirmar que o cenário local está estagnado e sem mentes criativas.
São 15
bandas baianas, 14 bandas de outros estados e 5 gringas. A maioria delas
interpretando as canções da forma como enxergam o mundo pela sua música, sem
deixar que elas percam a sua essência. O tributo traz a versão atmosférica e
surreal do Reverendo T & Os Discípulos Descrentes para a música “Mensagem
Subliminar”, a new rock da Vivendo do Ócio para “Tapa na Cara”, a versão folk
irlandesa de Sociedade Sem Hino para “Opressão”, “Ser Humano” com roupagem
pós-punk do O Melda, a linguagem excêntrica de Vandex para “Corpos” e a versão
pop-doce-singela-firme de Laura Dantas para a faixa-título.
Há
também a roupagem groovada para “Não Se Engane” feita pela Tronica, a versão
eletrônica competentíssima e cheia de batidas do DJ Mauro Telefunksoul junto
com o Robson Véio para “Ilusões”, a guitarra falando alto em “Indústria da
Seca” com o Evandro Lisboa, a pegada grunge da Pessoas Invisíveis para
“Castelos de Areia” e o soul rico em arranjos do Irmão Carlos & o Catado
para “Brincadeira do Burguês”. O punk e o hard core também estão presentes com
a Norfist em “PDM”, com a Thundra em “Ciranda”, com a Jason em “Hora de Lutar,
com a Leptospirose em “Ted, Sk8, Hardcore” e com a argentina Estamos En Eso em
“Da Escravidão ao Salário Mínimo”. Mais pesado ainda vieram a Agressivos com a
sua versão grindcore para “Mentiras do Lar” e a Desgraciado com sua versão
trash de “É de Macedo”. Tem tudo o que é tipo de som para todos os gostos.
O
Tony Lopes foi muito feliz em ter idealizado esse projeto, tudo começou de
forma despretensiosa e culminou nessa ótima compilação cheia de sons diversos e
com uma bela festa de lançamento em uma noite bombada e calorenta daqui de
Salvador. Essa é uma homenagem merecida à Pastel de Miolos e é, realmente, um tributo
diferente e interessante de se escutar.
Por Léo Cima