Com os compromissos
devidamente atendidos e já aquecido pela noite de rock anterior, voltei ao
mesmo local no Rio Vermelho para conferir a segunda noite da sexta edição do
Festival Bigbands. Começando mais cedo do que na sexta feira, o lineup continha
o maior número de bandas do evento (foram sete ao total), possuindo bandas da
capital, do interior e de outros Estados, como Pernambuco e Paraíba.
Antes de começar o som ainda deu tempo de ver o meu glorioso
(e sofrível) Bahia brocar o Goiás no primeiro período enquanto eu comia um
cachorro-quente do qual eu me arrependi de ter pedido quando chegou à minha
mesa. O motivo do arrependimento foi o tamanho imenso do tal, que dava
facilmente para duas pessoas. Na verdade eu deveria ter desconfiado do olhar de
“você tem certeza que quer pedir isso, achando que sabe o tamanho da coisa?”
que a atendente me deu quando solicitei a obra de arte. Com a fome saciada e
enviando pensamentos positivos para a Fonte Nova para o meu time não vacilar
dessa vez, rumei de volta para o Dubliners Irish Pub para conferir o inicio da
programação do evento...
O primeiro a se apresentar foi o Reverendo T e Os
Discípulos Descrentes. Com a sua característica voz sussurrada e acompanhado
pelo guitarrista Felipe Britto, o Tony Lopes executou a vivo as canções do seu
novo álbum, “Azul Profundo”, e músicas de trabalhos anteriores com uma
performance bem intimista e com comentários sábios do Reverendo T. “Broto
Democrático” e “O Meu Lado” foram bons momentos, assim como o cover de
“Revelação”, mesmo lendo a sua letra (antes de tocar ele avisou que não se
lembrava dela por completo). A apresentação ainda contou com a participação
especial do mais novo discípulo descrente Bruno Bandido, que com a sua voz
rouca dividiu o palco com o Tony Lopes nos dois números finais e depois tocou
mais três blues de sua autoria. Na sequencia o grupo Professor Doidão e Os
Aloprados subiu ao palco para fazer o seu rock divertido e descontraído. O
vocalista Isaac Fiterman realmente é uma figura bem humorada e a banda estava a
vontade no palco, os covers de musicas do Raul Seixas e do Júpiter Maçã combinam
com o seu repertório, mas me pareceram desnecessárias. “Eu Quero Gozar!” foi,
por mim, a canção mais a esperada e a mais bem tocada.
Na pausa, fui tomar uma breja lá na praça da Dinha e na
volta percebi que o lugar estava consideravelmente mais cheio e a Novelta
(Feira de Santana-BA) já estava no final da primeira musica do seu setlist. O
isolamento acústico do lugar realmente funciona. Até o momento em que eu abri a
porta do estabelecimento, não conseguia escutar muita coisa do som dos caras,
mas foi só abri-la que senti o quanto o volume do stoner que o grupo tocava estava
tomando o lugar completamente. A influencia do QOTSA é forte em seu som, até os
trejeitos que o Josh Homme tem quando toca guitarra estavam incorporados no
vocalista do conjunto. Eles estavam com muita vontade de rock e bem animados
por tocar no festival, fizeram a cabeça de muita gente e esquentaram mais o
lugar! Dando sequencia às apresentações, a The Honkers começou o seu show com
problemas técnicos já na segunda canção, que acabou prejudicando a performance
dos veteranos da cena. Mesmo com o percalço, os rapazes não deixaram se abater
(acho que jamais se abaterão com algo do tipo) e fizeram um bom show. Já vi
apresentações melhores dos caras, de fato, mas esta foi boa o suficiente para
manter o local quente. Tão certo assim que o motivo das pessoas os aplaudirem
de forma empolgada no final do show não foi somente por conta do corpo seminú
do Rodrigo Sputter.
Os paraibanos do Zefirina Bomba fizeram um show forte e
ainda com muita gente dentro do Dubliners Irish Pub. Há muito tempo eles não
tocavam por aqui e a empolgação dos rapazes estava a flor da pele. Mesmo tendo
acompanhado o som deles ao longo dos anos, eu nunca havia marcado presença em
um de seus shows e o que vi, nesta oportunidade, foi uma banda ainda com muito
gás para andar por lugares onde exista rock. Eles começaram com a clássica
“Alguma Coisa Por Aí” e seguiram até o final de forma calorosa, chagando a
homenagear os amigos que fizeram aqui na cidade. Os pernambucanos da The Sexy
Drivers entraram na sequência e se saíram muito bem em sua primeira
apresentação em Salvador. Um som que transita entre o punk, o grunge e o
garage, tocado de uma maneira arrebatadora e impulsiva fez muito bem aos
ouvidos da audiência que se mantinha presente no local, mas em menor numero dessa
vez. Quem ficou do lado de fora perdeu a oportunidade de ver uma boa banda de
outro Estado tocando na cidade. Quanto a The Pivos, de Camaçari, ficam aqui também
as minhas considerações por não ter conferido a sua apresentação. O dia começou
cedo e o cansaço bateu forte naquela hora da madrugada. Espero poder vê-los em
outro momento.
No saldo final, o segundo dia do evento se manteve como no
dia anterior, possuindo uma boa qualidade de som e com ótimas bandas, que
respeitaram os seus respectivos limites de tempo no palco e que proporcionaram
boas performances aos que estavam presentes, neste caso em maior número do que
na sexta. Para completar, se já não bastasse o cachorro-quente do inicio da
noite, ainda quase ganho um banho de vômito gratuito de um jovem que bebeu um
pouco mais além da conta e que depois também resolveu interditar
temporariamente o banheiro quando resolveu se sujar sozinho com o que botou
para fora. Espero que ele tenha se lembrado no dia seguinte da noitada de rock
que ele teve.