Neste último sábado, a banda
Os Jonsóns fez uma apresentação peculiar para encerrar o seu agitado ano de
2014. Desta vez o local da apresentação não foi onde eles costumam se
apresentar, e sim em um lugar “inusitado”. Digo “inusitado” para os mais
desavisados, ou mais desatentos, uma vez que o teatro já abrigou inúmeras
apresentações de bandas de rock da cena. O teatro em questão é o Eva Herz, que fica
dentro da Livraria Cultura, que por sua vez está situada dentro de um grande
shopping desta cidade e foi escolhido pela banda para a sua apresentação com
elementos teatrais do grupo.
Confesso que fiquei curioso e não consegui imaginar quais
seriam esses elementos teatrais na apresentação dos rapazes...
uma vez que já
pude presenciar vários dos seus shows e o máximo que eles chegaram próximo do
que fizeram nessa ocasião, foi uma decoração de palco com bolas de soprar no
show de lançamento do ótimo “EPgrafia Completa” (disco esse altamente
recomendado).
Enfrentei o mar de gente que buscava saciar a sua fome
consumista muito comum nesta época do ano (pior que no carnaval a quantidade é maior
ainda) e tentei me aconchegar na melhor poltrona possível. Depois de alimentar
uma certa expectativa pelo inicio da apresentação, as cortinas se abriram e os
rapazes estavam todos muito bem vestidos e com um cenário cuidadosamente
montado com uma mesa de bar em um canto do palco e com fotos da arte conceitual
do seu mais recente disco ao fundo.
O som do teatro chegava para a plateia muito bem
equalizado e pôde proporcionar uma melhor percepção de efeitos e sons que eles
tiram nas canções. A miscancene toda preparada para o evento potencializou o
bom humor do grupo e ajudou em seu desempenho, é claro! E foi logo no inicio
que a teatralidade começou a se esclarecer: atores e alguns efeitos de palco,
como intensidades variadas de luz, materializaram alguns personagens e
paisagens presentes nas letras da banda.
Em “Batedora de Vinis” a própria apareceu no palco toda
faceira e saiu sorrateira com um vinil d’Os Jonsóns dentro de sua imensa bolsa
rosa. O sumido (e todo perdido) José Charles deu o ar de sua graça em “Cabeça
de Peixe”, o vocalista quase se engasga com uma das bolhas de sabão que voaram pelo
tablado em “Espaço-Porto Intergalático”, em “Bang Bang Urbano” um rapaz vestido
de bandido e em cima de um cavalo de pau parecia que ia derrubar todo mundo de
tão veloz que corria e uma miniatura do vacachorro representou bem o “rio
vermelho da depressão” quando tocaram “Dia Triste”. Senti falta de uma
cadelinha na execução de “Chula”, cheguei a acreditar que eles fossem largar um
cachorrinho no meio do palco nesta música. Não rolou!
No final, confetes e serpentinas fecharam a apresentação
que foi algo bem próximo a uma opera rock, ou a um suspiro de uma, na qual eles
puderam contar uma boa historia do inicio ao fim. Como eu havia dito no inicio
do texto, Os Jonsóns teve um ano muito agitado, tocando fora da Bahia e no seu
interior, fazendo inúmeros shows aqui na capital e lançando disco novo, então
uma apresentação como essa cairia bem para eles e para quem assistiu. De fato!