Fevereiro
chegou e com ele mais uma festa de momo para alegrar a tudo e a todos na Bahia.
Com esse carnaval, aconteceu também a vigésima primeira edição do Palco do
Rock, para o alívio e alegria de corações e mentes daqueles que gostam do bom e
velho rock’n roll. Movimentações de bastidores entre a organização do evento e
o órgão público responsável por autorizar a sua realização quase provocaram o
seu não acontecimento. Isso também gerou um atraso recorde na divulgação da
grade do PDR, que só saiu para o público na quarta feira anterior ao início da festa.
Como
os problemas no passado e com o festival confirmado, seguindo o que fizemos nas
edições anteriores, nós do Portal Soterorockpolitano escolhemos um dia da sua
programação para marcar presença e trazer as nossas impressões sobre o que
aconteceu por lá. Nesta ocasião, optamos pelo primeiro dia e já nele vimos
muita coisa! Logo de cara uma mudança temporária na característica do evento: o
local...
Por
conta das obras de revitalização da orla de Salvador o Coqueiral de Piatã se
tornou um local inviável de se fazer a festa, forçando a mudança do PDR para o
Jardim de Alah. O lugar é mais próximo de várias localidades da cidade, porém
menor do que o espaço original. Mas esse empecilho não atrapalhou as milhares
de pessoas presentes de circularem, montarem suas barracas e abrirem suas rodas
de pogo. E foi notória a grande quantidade de gente que marcou presença neste
primeiro dia. Outro bom aspecto foi o som do palco, que estava excelente, muito
bem equalizado e com poucos momentos de falha. O curto intervalo de tempo entre
uma banda e outra também chamou a atenção.
Tiveram
também aqueles fatos que você só consegue enxergar estando no meio do povo.
Tinha gente fazendo o tradicional bate-cabeça-guitar-air, outros degustando uma
boa dose de uma bebida de coloração azul (mistério). Houve quem subisse na “tora”
no palco entre as apresentações para protestar, como o auto-nomeado “O
Terrorista da Mata Escura” (infelizmente esquecemos o seu primeiro nome), que
protestou por quase dez minutos contra o sistema, contra o desrespeito a
escolha da opção sexual e escolha religiosa. Houve pedido de casamento em cima
do palco com um casal empolgadíssimo que parecia querer pular etapas e ir
direto para a lua de mel (me lembrou até o Cid Guerreiro, que se casou em cima
do trio elétrico há quase trinta e cinco anos atrás). Desejamos felicidades
para os dois.
Também
teve muito beijo no Palco do Rock esse ano, é claro que roqueiro algum não iria
se privar de algo tão bom como isso. Teve beijo de homem com mulher, de mulher
com mulher, de homem com homem e até beijo de grupo. A coisa foi boa e é uma
das formas de expressar o quanto o lugar estava com um ambiente positivo e
próprio para apreciar as atrações com tranquilidade. E, diga-se de passagem,
atrações com performances acima da média.
Sem
perder o fôlego
Antes de seguirmos para as apresentações, deixamos
aqui as nossas mais humildes e sinceras considerações as bandas Randez Vouxxx, Veuliah, Rhenoda (RN) e Not
Names (Catú-BA). Não podemos presenciar seus shows por motivo de força
maior e esperamos escrever sobre vocês em outra oportunidade.
As
apresentações das bandas foram no mínimo empolgantes. O publico que foi no
sábado pôde ver muita vontade e suor vindos dos grupos, que por sua vez
dialogava muito bem com a audiência. Isso gerou uma espécie de energia vinda
dessa relação publico/banda, que ocorre bastante quando um show acontece em um
espaço menor. O tamanho do palco desse ano foi mais baixo, deixando os músicos
mais próximos das pessoas, gerando esse fenômeno que é um misto de vibração,
velocidade, empolgação e exaltação.
Chegamos lá um pouco antes do show do Paulinho Oliveira. Ex-guitarrista vindo
de uma das primeiras formações do Cascadura (da época em que o Cascadura ainda
era doutor), o cantor fez seu rock setentista soar bem no início da noite, com
uma banda bem redonda e entrosada e com uma competência adquirida de muito tempo
de estrada. Foi um bom show para um numero ainda razoável de pessoas que já se
encontravam lá e para os outros tantos que estavam chegando naquele momento.
Depois dele subiu ao palco a Human (Serrinha-BA), com um vocalista carismático e com um som mais fincado no heavy metal
eles aqueceram o lugar para o que viria depois deles.
Seguindo a sequencia, a Circo de Marvin fez uma das melhores apresentações da noite. Com
direito a participação do Away de Petrópolis (ele mesmo, o do Hermes e Renato)
anunciando a entrada do grupo, os rapazes empolgaram a plateia com sua
performance explosiva e com sua música fortemente influenciada por sons
californianos da década de noventa, fazendo com que rodas de pogo não parassem
de surgir.
Tão
grande foi a excitação que o único segurança na frente do palco teve muito
trabalho para conter aqueles que queriam subir e ficar perto da banda. Muitos durante
o show tentaram este feito e conseguiram, então aqui vai uma dica para as
próximas escaladas: se você não for subir no palco para dar um mosh seguro,
tome cuidado para não se esbarrar e quebrar algum equipamento da banda, não
agarre integrante algum do grupo e não tente tocar o seu instrumento, isso pega
mal e pode comprometer uma apresentação. Ok? A Circo de Marvin sobreviveu muito
bem a isso tudo e conseguiu encerrar a sua apresentação catártica com alto
nível.
Depois
deles surgiu a Behavior e ela tinha a
tarefa árdua de manter o clima do lugar da forma que a sua antecessora deixou.
É algo difícil de realizar, mas o conjunto teve competência para conseguir esta
façanha despejando todo o seu som death sobre o Jardim de Alah. Nessa
apresentação foi formada a maior roda de pogo do dia, foi algo impressionante e
hipnotizante de se ver. A banda bem entrosada e com novo integrante em uma das
guitarras, alem de já experiente, não deu trégua alguma no seu desempenho e o
povo respondia sem perder o fôlego.
A Norfist (Lauro de Freitas-BA) também fez um show empolgado, com o
seu frontman frenético e bem comunicativo com a audiência. Há muito tempo que
queríamos ver uma apresentação da banda e ainda não havíamos tido a oportunidade.
Com exceção do vocalista Zezinho Peixoto, a formação do grupo já não é mais a
mesma que gravou o seu mais recente EP, mas nem por isso deixou de ter a pegada
apresentada no disco. A canção “Um Facista” foi ponto alto no show, assim como
a cover de “Que País é Esse?”, da Legião Urbana.
Foi
uma noite divertida e cheia de boas surpresas musicais, saímos de lá contentes
até com o fato de rever amigos e amigas que não víamos há tempos, além de
perceber que os dias seguintes provavelmente viriam a estar na mesma sintonia.