Aproveitando
a chegada dos finlandeses em terras brasileiras, entrevistamos com
exclusividade mais um artista que se apresentará no país. Desta vez o Onni
Ozzmond, ou simplesmente Ozzmond, trocou uma ideia descontraída com a gente na
qual ele falou sobre a sua animação de poder tocar por aqui, sobre o porque de
tocar sozinho, sobre o bom humor de suas canções e como é o cenário finlandês.
Ele também integra a turnê Sauna Punk Rock Tour/Hey Mizera Sound 2015, confira
as datas neste link.
Soterorockpolitano
- Gostaria de começar a entrevista sabendo de você quais as suas expectativas
sobre essa turnê brasileira. Está muito animado?
Onni
Ozzmond - Estou super animado em vir pela primeira vez ao Brasil
em minha vida. Ontem (no evento Domingo de Cabeça pra Baixo [01/03]) foi o
primeiro show...
Foi no mesmo dia que chegamos, então não foi muito fácil subir no palco depois de viajar por quase 24 horas. Eu não durmo muito bem durante viagens. Mas toda a atmosfera foi ótima, todo o cansaço desapareceu. Estou muito feliz de estar no Brasil agora e estou ansioso pelos próximos shows.
Foi no mesmo dia que chegamos, então não foi muito fácil subir no palco depois de viajar por quase 24 horas. Eu não durmo muito bem durante viagens. Mas toda a atmosfera foi ótima, todo o cansaço desapareceu. Estou muito feliz de estar no Brasil agora e estou ansioso pelos próximos shows.
SRP
- Você é um artista que possui uma forma diferente de fazer punk rock, optando
por uma sonoridade acústica em seu disco, que é algo pouco comum na música
punk, e por fazer shows sozinho e apenas com o violão. Porque você optou por
gravar discos e a se apresentar dessa forma?
OO
-
Eu meio que comecei a fazer shows solo por acidente. Eu toco guitarra em outra
banda punk chamada Fumble. Três anos atrás, os meus amigos da Blueintheface nos
convidaram para fazer uma turnê com eles e não pudemos aceitar o convite. Então
eu disse a Blueintheface que eu iria com eles. Apenas para dirigir a van, tirar
fotos e aproveitar a sua turnê. Alguns meses antes da tour acabar, não havia
outra banda para abrir os shows, então Kimmo (baixista da Blueintheface) me
falou: ”hey cara, talvez você possa tocar algo para abrir os shows da
Blueintheface!”. Então, eu já tinha ideias para algumas canções e comecei a
escrever mais. Eu pedi uma ajudinha para os meus amigos Jonas e Tuomas e nós
ensaiamos treze canções e as gravamos em questões de dias para fazer um álbum
para dar apoio a turnê. Então, no geral, só quis fazer algo natural e fácil.
Para mim punk rock não é o som, é a atitude. E a minha atitude é fazer música
sem a levar muito a sério. Ou me levar a sério!
SRP
– Dá para perceber também um bom senso de humor em sua música, o clipe de
“Gasoline” expressa bem isso. De onde vem a inspiração para as suas
composições?
OO
-
Humor é muito importante para mim. Se você pudesse escolher entre sorrir ou
chorar, qual seria a sua escolha? As vezes você está triste, as vezes feliz. Eu
tento escolher ser feliz e espalhar ideias positivas. Todo mundo escreve
canções sobre sua própria vida. Então faço o mesmo, mas também encontro muita
inspiração nas pessoas que conheço e em suas vidas. Nelas eu encontro
similaridades com a minha própria vida e minha mente começa a criar histórias
que eu possa sentir e as relacionar. Algumas de minhas letras são preenchidas
com um certo tipo de tristeza, mas tento colori-las com esperança, alegria de
viver e humor. Humor é um medicamento barato e eficaz para as merdas na vida.
SRP
– Vi no seu website que você utilizou diferentes mídias físicas, como o cd e um
cartão de memória de 4 GB (contendo o seu álbum completo), para divulgar o seu
trabalho. Essas ações têm uma boa influencia na divulgação de sua música?
OO
-
Um amigo meu tem uma empresa que produz porta cartões. Eu tive uma ideia de
colocar meu álbum em um cartão de memória que se encaixa perfeitamente nestes
porta cartões. Fiz uma pequena quantidade deles, porque, ao final, se tornaram
caros demais para mim. Então, aqueles porta cartões, com os cartões, são muito
raros e apenas algumas pessoas bacanas os têm!!! Hehe. Carrego apenas alguns
deles comigo. Também fiz uma quantidade pequena de CDs, mas eles estão
esgotados. No final das contas percebi que não sou muito bom em vender coisas,
então coloquei o disco inteiro no Bandcamp para ser escutado e baixado
gratuitamente.
SRP
- Nos seus vídeos e nos da Blueintheface dá para notar um boa produção neles.
Existe algum incentivo (de produtoras ou governo) para as bandas no sentido de
fazerem a sua arte, para produzirem seus discos, seus clipes e seus shows na
Finlândia? Qual a real realidade do cenário de vocês?
OO
-
Hoje em dia o negócio de vídeos na Finlândia é muito ruim. Não há programas de
TV que passem vídeo clipes. Apenas artistas de uma gravadora grande têm a
chance de ter seus vídeos exibidos algumas vezes. Na cena indie/underground é
difícil ser notado pela mídia. Felizmente nós temos um festival anual de vídeo
no qual são mostrados um monte de vídeos interessantes, de um monte de banda
interessante e artistas independentes também são bem vindos. Para mim, fazer
vídeos é divertido. Mas a única mídia para os vídeos independentes é o Youtube...
Eu trabalho como cameraman em produções de TV. Eu sou freelancer, então eu
tenho muito tempo livre. Se eu gosto de uma banda, ou de uma canção, eu
tentarei ajuda-los fazendo um vídeo. Eu dirigi e editei “Gasoline” e também
dirigi “Pillow Fight” da Blueintheface. Infelizmente, nós mesmos temos que
produzir nossos vídeos. Governo ou organizações da indústria musical irá apoiar
principalmente bandas que fazem dinheiro. Nós fazemos música pelo nosso estilo
de vida e por paixão. Talvez a gente não seja tão sexy assim para dar lucro,
haha!
SRP
- Da cena roqueira da Finlândia, o que mais se destaca por aí? Quais são as
bandas que valem a pena escutar?
OO
-
A Finlândia é cheia de bandas de todos os tipos. Sempre que posso eu vou
frequentemente assistir a shows. Acompanho, principalmente, artistas
independentes, mas devo dizer que lá há também grandes bandas no main stream.
Meu artista finlandês favorito de todos os tempos é o Ismo Alanko. Ele tocou em
uma banda chamada Sielun Veljet, que foi o meu primeiro amor pela musica
finlandesa. Ele é original, cru, louco e ainda assim muito delicado. Eles
atuaram entre as décadas de 1980 e 1990, mas fizeram alguns concertos de
aniversário da banda há poucos anos atrás. Seu show ainda é um dos melhores que
vi em muito tempo. Da cena independente há sempre novas descobertas para serem
encontradas. Ultimamente as mais fascinantes bandas finlandesas que eu tenho
visto são: Have You Ever Seen the Jane Fonda Aerobic VHS?, Dr. Napalm
Experience, Flophouse Phonics, Nok Nok, Juha Pekka Tapani Heikkinen e The
Valkyrians.
SRP
– E sobre a música brasileira? Tem algum artista daqui que te chama a atenção?
OO
-
Infelizmente, tem sido difícil encontrar bandas brasileiras para escutar.
Pastel de Miolos é o único link com a musica brasileira pra mim. Quando nós
temos tempo, como dirigindo para um show, eles tocam vários diferentes tipos de
musica brasileira. Então tenho escutado muito artista e muita banda daqui e
tenho escutado ótimas canções! Eu não tenho uma boa memória, então não me
recordo o nome das bandas que temos escutado... Noite passada nós estávamos
escutando um som e André (baixista da PDM) nos mostrou um vídeo da Pitty, e me
apaixonei pela música! Agora que estou no Brasil, eu espero poder ver bandas
brasileiras tocando ao vivo. No show de domingo passado, vi a Barrunfo do Samba
e o Irmão Carlos e o Catado e ambas as bandas foram sensacionais! Eu não
entendi o que eles estavam cantando, mas a musica é uma linguagem internacional
e seus shows e canções me fizeram feliz. Verdadeiros músicos e ótimas canções.
Estou no aguardo para ver todas as bandas com as quais iremos tocar nesta tour!
SRP
– Para encerrar, gostaria que você fizesse uma chamada especial para os
brasileiros comparecerem aos seus shows desta turnê!
OO
-
Oh, eu espero que todos que amam musica ao vivo possam vir ver nossas
apresentações. Se você gosta de boas canções, ama festejar, tem uma mente
aberta e senso de humor, eu acho que iremos nos divertir muito no show. A Sauna
Punk Rock Tour lhe dará uma ideia da sauna finlandesa que temos. Ela é quente e
é sempre um bom momento para jogar mais água no carvão e deixar a sauna mais
quente ainda! Temos um ditado que diz que é impossível ter mau humor em uma
sauna. Se você se sente mal, depois da sauna tudo fica melhor. Então, seja bem
vindo a sauna conosco!
Conheça
o som do Ozzmond:
Website
Coletânea 4waysplit