Mais
um quinze de julho se aproxima e mais uma primavera será completada pelo cantor
e compositor André L. R. Mendes e, como de costume, ele estará lançando mais um
disco da sua frutífera carreira solo, o seu sexto trabalho: Todas as Cores. Lançar
um disco novo é sempre um momento de comemoração, de celebração para um artista
(ou banda), e fazer isso no dia do seu aniversário é sempre algo mais que
especial, um presente para si próprio e para quem já espera a sua chegada como ouvinte
e admirador.
Aqui,
o André L. R. Mendes retorna com um álbum feito com os mesmos recursos que boa
parte dos seus discos foram feitos em sua trajetória artística: laptop, iphone
e instrumentos de corda. Em um método totalmente independente, criativo e na
melhor maneira dentro do ideal punk do “do it yourself”, no qual o artista se
envolve para fazer canções cada vez mais interessantes e com uma visão
melhorada sobre si mesmo e sobre o ambiente a sua volta. É uma maneira cada vez
melhor de se expressar, tendo a tecnologia a seu favor, utilizada de maneira
inteligente nessas novas dez faixas do cd.
O
disco abre com Vida, faixa que tem uma boa levada de violão, refrão dos
melhores e com uma guitarra elegante sutilmente distorcida, dando um tom bem
diferente à canção sem perder a essência da composição. O seu solo de guitarra
no final seguida da calmaria do violão são elementos que se destacam na trilha.
Em seguida vem Amsterdã, composição que o artista disponibilizou nas redes
sociais para degustação auditiva antes do lançamento é um pouco mais animada
que a anterior e versa sobre conquistar algo e ainda assim sentir um certo
vazio. Uma inquietude que talvez faça parte da natureza humana. Cine Perfeição
começa com um bom diálogo entre violão e piano, com programação synthpop,
guitarras ao fundo e fade out em seu fim. Não Chora Menina tem uma boa melodia
e traz em sua letra um recado para alguém que está passando por um momento
adverso e que as coisas são passageiras, mesmo se nada pareça sair do lugar. O
xilofone dá um bom tom na canção e mantém a atmosfera otimista. Naufrágios
surge de maneira mais intimista e melancólica, com violão e ukulele, com boa
mensagem sobre cair, levantar e seguir em frente.
Naturalmente,
assim como a anterior, é mais uma faixa que o músico disponibilizou na rede
antes de lançar o Todas as Cores, com um videoclipe muito bacana e divertido,
que pode arrancar um sorriso maroto de quem o assiste e fazer lembrar do cheiro
da tinta guache que costumava ficar grudado nas mãos. É mais uma que tem uma
boa mensagem de como aquilo que se vive está em você e o negócio é seguir
adiante. Certo pra Nós é uma das melhores faixas do álbum, com uma bela melodia
de violão, belo solo e uma guitarra bem discreta ao fundo no seu ápice. Não me
Chame pra Lugares, traz violão e teclado com versos que falam de certa forma
sobre locais a serem evitados por conta da futilidade de quem os compõe. A nona
composição, Intimidade, é uma bela declaração de amor e Amor, que encerra o
disco, conta com uma batida de sonoridade diferente, guitarra como textura de
fundo e um texto trazendo pontos de vista interessantes para algumas coisas e
infindáveis situações boas que nos trazem um bom sentimento de satisfação.
Acredito
que este seja o melhor disco da já longínqua carreira do André L. R. Mendes. É
sempre bom acompanhar o processo de criação de mais uma nova obra sua e de
perceber que cada vez mais ele detém um bom controle dos recursos que escolhe
para gravar os seus cds, mantendo um bom nível da qualidade do seu resultado
final. As letras sempre revelam a sua maneira de como vê as coisas, o que deixa
o trabalho mais original e interessante. É sempre bom seguir e evoluir, esse é
o caminho.
Assista
ao vídeo de Naturalmente: https://www.youtube.com/watch?v=8wd5OBInduQ
Acesse
o site do André L. R. Mendes: http://www.andremendesmusica.com.br/
*Matéria originalmente publicada em 14/07/2016.