Pular para o conteúdo principal

Bananada em São Paulo.*


O Portal Soterorock esteve na última sexta-feira (25 de setembro) em São Paulo no festival Bananada... Espera... Como poderia estar o Portal Soterorock em dois lugares ao mesmo tempo? Em São Paulo e fazendo a 1ª edição do Soterorock Sessions no Taverna em Salvador??? Estaria o Portal Soterorock desrespeitando as leis da física?? A resposta é que o leitor ousado do Soterorock, que aqui vos escreve, decidiu fazer um comentário do show do O Terno e Boogarins que aconteceu na cidade da garoa.

Primeiramente o evento: Bananada. Um evento gratuito originalmente goiano que dava a cara na capital paulista... Sim, isso mesmo, estamos falando de um festival goiano. O que acontece que se faz rock na terra do sertanejo assim como se faz rock na terra do axé e há mais bandas de rock do que estereotipado sertanejo. O evento tratou-se de reunir três bandas goianas: Carne doce, Hellbenders e a já internacionalmente conhecida Boogarins com a paulista O Terno. O local: Largo São Francisco. Onde diabos ficaria este largo. Bem meus caros, este largo fica bem no centro de São Paulo, próximo a Meca roqueira: Shopping Center Grandes Galerias, ou popularmente conhecida como Galeria do Rock (onde todo roqueiro deve pelo menos uma vez visitar) e de outros locais como Rua 25 de Março, a igreja de Santa Ifigênia e ao Teatro Municipal.

O evento começou as 19:30 com a banda Carne Doce. Inicialmente meio tímida, a banda foi aos poucos conquistando o público paulista. Canções com estilo mais regionais como Fruta elétrica foi cativando o público, atingindo o ápice quando o show já estava no final. O seu disco encontra-se disponível no SoundCloud. Foi só o show da Carne Doce acabar para cair o maior toró. Porém, o mesmo não afugentou o público que se manteve fiel para a vinda da segunda banda goiana da noite Hellbenders. Som pesado e com bastante Riffs a lá Queen of the Stone Age, levou o público a fazer moshs e cantar muito. O disco da banda também se encontra disponível no SoundCloud.

Terminando o show da Hellbenders e a chuva começou a diminuir. Me surgiu então a dúvida: Qual é a próxima banda O Terno ou Boogarins? A resposta veio a seguir: As duas bandas entraram juntas. As bandas dividiram o palco na primeira música e logo a seguir O Terno deu espaço para a banda goiana. Para quem não conhece, Boogarins faz um som psicodélico a lá Tame Impala, tem um disco aclamado pela crítica chamado Plantas que Curam disponível no Youtube. Disco esse que infelizmente não saiu no Brasil e quem quiser adquirir terá que desembolsar uma grana pesada (Na loja baratos afins na Galeria do Rock o vinil está saindo por R$120)! Infelizmente é mais um caso de uma banda nacional que faz mais sucesso na Europa que no Brasil, fato este que pode se comprovar pela agenda da banda para o mês de outubro e novembro: Inglaterra, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Noruega, Suíça, Espanha, Portugal e França. Durante o show Boogarins não fez menos do que o esperado, tocou quatro músicas com boa participação do público.

No meio da quarta música a carro chefe Lucifernandis do grupo goiano, O Terno entra com O Cinza, é a vez do Boogarins dar espaço. Para quem também não conhece O Terno, a banda é um trio paulista que tem ganhado espaço no cenário nacional. O Terno está em seu segundo disco, o homônimo O Terno seguido do aclamado e premiado disco 66. A banda toca pela terceira vez em Salvador no Pelourinho, Largo Pedro Arcanjo, dia 9 de Outubro com as bandas Circo Litoral e Squadro. Mas voltando ao Show, O terno tocou mais quatro músicas e as duas bandas dividiram o palco novamente para tocar o clássico do Clube da Esquina O Trem Azul com uma pegada bem psicodélica.


Chegamos então ao fim do show, um show curto, porém muito animado, com grande presença do público jovem. Público este que me alegrou muito por demonstrar estar antenado com bandas nacionais de qualidade. Me fez pensar que o rock nacional tem salvação. No dia seguinte vou até a galeria do Rock para comprar uma camisa do Boogarins e poucas horas depois voltar a Salvador.


*Matéria originalmente publicada em 01/10/2015, por Rodrigo Vergne.

Popular Posts

O Pulsar Rebelde do Rock Baiano nunca tem fim!

O rock baiano, desde suas origens, sempre foi um terreno fértil para a inovação e a fusão de estilos. Se olharmos os textos de Léo Cima aqui do blog "Soterorockpolitano", você vai ver que o cenário atual do rock na Bahia continua a se reinventar, mantendo viva a chama de suas raízes enquanto abraça novas influências. Nos anos 70 e 80, o rock baiano emergiu com uma identidade própria, mesclando ritmos regionais como o samba e o axé com as guitarras distorcidas e a energia do rock. Bandas como Camisa de Vênus e artistas como Raul Seixas marcaram época, criando um legado que até hoje inspira novas gerações. Atualmente, o cenário do rock na Bahia é caracterizado por uma diversidade impressionante. Bandas como MAEV (Meus amigos Estão Velho), BVOE (Búfalos Vermelhos e Orquestra de Elefantes), Entre Quatro Paredes, Demo Tape, URSAL, LUGUBRA, Declinium, Venice e muitos outros nomes trazem novas sonoridades, combinando letras poéticas e engajadas com arranjos que passeiam pelo indie,

Uma viagem no tempo, sem perder tempo. Por Leonardo Cima.

Todos os discos que lançamos pelo selo SoteroRec é especial, com cada um possuindo a sua particularidade. Cada um deles carrega uma história interessante por trás de suas faixas, que as vezes não chega ao ouvinte, mas que fortalecem o fator intangível agregado no resultado final de uma obra. Com toda banda é assim e com a Traumatismo não poderia ser diferente. Foi bem curiosa a maneira como a banda chegou ao nosso acervo. Estava eu conversando com o Adrian Villas Boas, hoje guitarrista da banda Agrestia, sobre a proposta do selo de também promover o resgate da memória da cena local, quando ele me falou que havia essa banda na qual ele fez parte tocando baixo, que chegou a gravar um disco não lançado e que se encaixaria muito bem com o propósito colocado, indicando-a para o catálogo, caso a gente  tivesse interesse nela. Eu, que já fiquei entusiasmado antes mesmo dele citar o nome do grupo, ao saber de qual banda se tratava, fiquei mais empolgado ainda. A Traumatismo, anteriormente cham

O garage noir da The Futchers. Por Leonardo Cima.

Nesses últimos dois meses, o selo SoteroRec teve a honra e a felicidade de lançar na sua série Retro Rocks, os trabalhos de uma das bandas mais interessantes que a cena local já teve e que, infelizmente, não teve uma projeção devidamente extensa. Capitaneada por Rodrigo "Sputter" Chagas (vocal da The Honkers), a The Futchers foi a sua banda paralela idealizada e montada por ele próprio no final do ano de 2006. A propósito, o nome Futchers vem inspirado da dislexia do compositor britânico Billy Childish, que escreve as palavras da mesma maneira que as fala. Ele, ao lado de mais quatro integrantes, também de bandas locais da época, começaram os ensaios com uma proposta sonora voltada mais para o mood e o garage rock, se distanciando um pouco dos seus respectivos trabalhos nos grupos anteriores. Relembrando um pouco daquele período e como observador, esse "peso" de não ter que se repetir musicalmente recaía um pouco mais sobre Rodrigo. Não que houvesse isso