No
sábado o rock continuou com força na cidade de Salvador. Assim como no dia
anterior, vários shows de rock se fizeram presentes aqui na capital baiana e o
evento escolhido para a resenha foi em um lugar no qual ainda não havia
recebido a visita do site, o Buk Porão. Localizado ao lado da Escadaria do
Passo, Pelourinho, o espaço é um “inferninho” no melhor sentido da palavra
dentro do universo rock’n roll, no qual toda banda baiana que se preze deveria
tocar por lá pelo menos uma vez na vida. É apertado? É! É calorento? É! Vai
gente para ver as bandas? Sim! É acolhedor? Com muita certeza!
As
bandas do line up da noite foram a Game Over Riverside, Fridha e Desafio
Urbano, com as duas primeiras tendo algo em comum, que é o fato de ambas serem
bandas dos anos 2000 e que estão retornando a cena depois de um hiato de longos
anos, e mesmo assim fazendo um som com muita entrega e vigor de outrora.
Juntamente com um grupo mais novo no cenário que também não deixou a desejar em
sua apresentação.
Uma
das frases escritas em uma das paredes da casa entregava a atmosfera da noite:
“Seja bem vindo, mas não se sinta em casa!”. Isso dava ao lugar um clima que
parece ter saído realmente de um dos livros do próprio Bukowski. Na descida
para o porão, havia algumas pessoas conversando no caminho e um outro grupo
tocando o repertório de Raul Seixas aos pulmões, isso até a primeira banda
começar a tocar. Nos primeiros acordes de Deep Waters o som da Game Over
Riverside já havia tomado todo o espaço e a banda seguiu sem dar muita trégua
entre as canções para quem os assistia.
Com o repertório todo em cima do seu
disco de estreia com lançamento previsto para o mês de abril, o quinteto tocou
todas as seis músicas interagindo bem com a audiência nos temas mais fortes (trazendo
pessoas curiosas para a frente do palco) e nos momentos psicodélicos. A
presença de palco inquieta do vocalista Sérgio Moraes e do guitarrista
John-John Oliveira retomaram os tempos antigos da banda e garantiram para o
grupo um bis com mais duas músicas não previstas no setlist. I Can’t Hardly
Wait e God in a Talk Show encerraram a apresentação com vigor e boa
receptividade do público.
Depois
foi a vez da Desafio Urbano se apresentar na noite. Com um som fincado no hard
core, o conjunto passeou por outros estilos dentro dessa vertente, com sons
mais groovados e em certos momentos com uma cadência mais trash. Com letras que
falam sobre temas sociais e de persistência pessoal, o grupo manteve o ambiente
bem animado, provocando rodas de pogo em espaços improváveis onde ganhei
algumas cotoveladas de leve, porém possíveis e com boa parte das pessoas
cantando suas canções.
Encerrando o evento, a outra veterana da festa, a Fridha,
fez uma apresentação não menos empolgante do que as duas anteriores. Repertório
bem ensaiado e com dois vocalistas de carisma ímpar a banda fez um som forte,
com uma mistura boa de groove, new metal, elementos de hip hop e reggae, tudo
isso sendo bem executado com peso por cada integrante. Houve até momento de
entrega de camisinhas e Bobby (um dos vocais) sendo surpreendido por uma
misteriosa rajada de vento vinda de um ventilador que resolveu funcionar do
nada. Antes deles terminarem o show, tive que me retirar para não perder a
carona, mas o curioso é que quando saía do lugar, já em cima do porão, dava
para sentir o chão de madeira vibrando ao som dos rapazes. Foi interessante!
Ao
fim, foi muito proveitosa essa primeira experiência no Buk Porão! Acho muito
válido o fato de um grupo de rock ter a experiência de também poder tocar em um
lugar como esse, independentemente do tipo de estrutura oferecida. Há muito
tempo vem acontecendo shows de rock por lá, então se pode considerar que esta é
mais uma opção para as bandas mostrarem os seus trabalhos. Foi empolgante,
abriu o apetite, saí da minha dieta da lactose, comi uma bela de uma pizza e
arrisquei a parlare un convincente
falso italiana! Hai capito? E foi sem o google traduttore.
*Matéria originalmente publicada em 01/03/2016.