O dia
foi corrido, mas deu para chegar a tempo de assistir o inicio das apresentações
de mais uma noite do Warm Up Festival: Big Bands, que ocorreu neste último
sábado no Dubliners Irish Pub. O lugar estava cheio, porém se esperava que o
publico fosse aparecer em maior número por conta das atrações da noite.
Considerando
que no dia teve mais dois eventos voltados para um mesmo público, o pub estava
com um numero considerável de pessoas. Antes das bandas houve tempo para bater
um bom papo sobre a cena, escutar um setlist escolhido com muito cuidado e
apreço pelo dj da casa e constatar que Camaçari é a capital baiana do indie.
Com
um line up contendo quatro bandas, a noite já sinalizava ser longa, portanto, o
primeiro grupo se apresentou no horário exato que foi divulgado. A Tsunami fez
uma apresentação muito boa do seu estilo nonsense, há muito proposto nas
gravações de suas músicas. Com uma postura "não-banda" (inclusive não
possuindo uma formação fixa), a Tsunami foi descontruindo as suas canções e as
refazendo dentro de um experimento de improviso bem sucedido, em meio ao caos
sonoro do seu som e dos vocais raivosos do Paulo Diniz. Antes da última música
o vocalista fez uma discreta e bela homenagem ao idealizador/fundador do
projeto, Maicon Charles. Muito bom!
Depois
foi a vez da Wry (SP) subir ao palco para tocar seu aguardado som britpop e
shoegaze. Há um bom tempo sem tocar em terras baianas, tudo ja indicava que a
banda faria um bom show mesmo antes do primeiro acorde. O carismático vocalista
Mario Bross conseguiu quebrar o gelo com a audiencia os chamando para frente do
palco, para que as vibrações do ambiente pudessem ser trocadas de forma mais
intensa. Funcionou! As pessoas respondiam muito bem ao som dos paulistanos que
chegaram ate a se misturar com a plateia nos últimos instantes do show. Foi um
bom momento a sequência final com "Sister" e "Under the
Sky".
A
terceira banda a se apresentar na sequência foi aquela que botou a noite no
bolso. Da cidade de Alagoinhas, a Inventura foi para o tablado com uma vontade
grande de fazer rock, dava para ver perfeitamente o sangue nos olhos dos
rapazes. Com um repertório fincado no seu disco de estréia, tendo espaço para a
versão de "Abre-te Sésamo", do Raul Seixas, e mostrando um bom
entrosamento, o trio soa mais pesado e energético ao vivo. Foi uma música atrás
da outra sem perder o ritmo. Se deixasse, a banda tocava mais quarenta e cinco
minutos brincando, e sem se cansar. Com um rock bem elaborado para quem não
gosta de ficar parado, os alagoinhenses agradaram em cheio a quem os assistiu.
Foi uma grande apresentação.
Finalizando
a noite às três e meia da manhã, a Teenage Buzz fez um show com algumas
adversidades. Sem o tecladista e sem o baixista original por conta de compromissos
pessoais, e com um dos vocalistas com problema na garganta, a banda conseguiu
se superar e fazer uma boa apresentação. Poucos ficaram para ver o som britpop
dos rapazes, que tocaram no seu setlist músicas do seu disco de estréia recém
lançado, mas deu para animar bem o final da festa.
Foi,
de fato, uma noite inspirada. O elemento espontaneidade e, algumas vezes, o
elemento improviso estavam presentes no lugar e se mostraram extremamente
importantes para as bandas e para o evento em si. Isso é um grande trunfo para
o rock. Valeu a pena a correria do dia.
*Matéria originalmente publicada em 02/08/2015.