Sexta
feira foi mais um dia de sair para a rua e curtir um bom rock feito em terras
baianas. Estava um início de final de semana chuvoso, o cacau caindo de verdade
na capital baiana e que parecia que não iria dar trégua alguma para quem
quisesse se dispor a sair de casa. Mas havia um bom, ótimo e interessante
motivo para não ficar na frente do computador ou da televisão vendo repórter
dando um “tapa” para depois virar meme infinito na internet. A boa da vez foi o
Warm-Up Moto Beer Rock 2016, o aquecimento para o festival de mesmo nome que
acontece ainda este mês, contando com dezesseis bandas espalhadas em quatro
dias no The Other Place, no bairro de Brotas.
O
local vem se consolidando cada vez mais na cena propondo pautas diversificadas
dentro do gênero e nesta noite recebeu um público significativo para prestigiar
a festa e as três bandas escaladas para a ocasião. Muita gente trocando ideia
(novidades da música local, séries, filmes e afins estavam nas pautas), tomando
uma boa cerveja artesanal e deixando o lugar mais vívido e preparado para os
grupos executarem suas respectivas apresentações. É bom ver um ambiente com
muita gente interessante e interessada em acompanhar a cena e ver de perto o
que está acontecendo.
A primeira
banda a subir no palco foi a feirense Novelta. O quarteto que já não tocava em
gigs desde janeiro deste ano desceu o braço com vontade nos seus instrumentos e
fez um show redondo com repertório bem estruturado. Teve momento que não foi
perdido o fôlego emendando uma música na outra e bom humor para falar com a
audiência quando havia brecha para tal. Dentro do setlist teve canção nova que
estará no próximo trabalho do grupo (A Estrada me deixou curioso pelo que está
por vir) e outras já bem conhecidas de muita gente que estava por lá e que
acompanhou junto em meio a cantiga regional, muito fuzz, distorções e batidas
de cabeça. Foi empolgante! Depois foi a vez da Jack Doido fazer o seu grunge no
tablado do The Other Place. Prestes a lançar o seu primeiro EP, o conjunto
tocou, desta vez, sem o seu baixista original as canções que estarão no seu
primeiro registro e nem precisava ter feito os covers já conhecidos em suas
apresentações.
O som de guitarra interessante com boa influência de Dinosaur
Jr, a bateria e baixo nervosos mostraram que o seu trabalho autoral caminha bem
e aumenta a expectativa pelo lançamento do seu disco. Fechando a sequência de
bandas a Ronco fez o seu blues-rock-stoner em um show que mostrou primar cada
vez mais pela sua qualidade sonora. As timbragens e efeitos de guitarra, os
efeitos do baixo e o som volumoso da bateria preencheram bem o lugar da
apresentação e atestaram a boa fase que a banda vivencia no momento. Cada vez
melhor e com uma boa objetividade, o trio executou as canções já conhecidas
pelo público, além de estar visivelmente se divertindo no palco. A coisa se
manteve quente!
Na
volta para casa, a chuva ainda insistia em cair. Sempre é um peso extra voltar
para casa sob nuvens carregadas e pingos de água pesados que batiam na janela
do carro. Locais extremamente alagados foram também o assunto no caminho, além
da descoberta do fato das baratas se sentirem atraídas pelo cheiro dos
orifícios humanos: boca, nariz, ouvido, essas coisas (é melhor escovar bem a
boca antes de dormir). Mas tudo isso sem esquecer do bom rock baiano
presenciado naquela noite, que foi quente e proveitoso. Ótimo warm-up!
*Matéria originalmente publicada em 04/07/2016.