Tinha
um bom tempo que não via o Rio Vermelho daquela forma. O Largo da Dinha cheio
de gente, como outrora. Muita conversa, muita bebida, alegria, som alto, som de
todos os tipos bem alto. Forró, voz e violão, som “mecânico” de carro e o som
da multidão conversando nas mesas dos bares, dentro e fora dos recintos, com as
luzes fortes que vinham dos postes novos que batiam no chão novo (muito bonito,
por sinal) e que se vacilar doía as vistas com os reflexos que voltavam das
calçadas. O famoso bairro boêmio estava do seu jeito para uma noite de sábado.
Mas tem um porém! O caminho de lá do largo em direção ao Taverna Music Bar está
um real pandemônio para quem faz isso a pé. Uma verdadeira aventura.
Até
chegar na casa onde aconteceu o som foi preciso andar no meio da rua, tomar
fino de ônibus, ser quase atropelado por um carro dando ré, ver
estabelecimentos gritando para dizer que estavam em funcionamento, trator
parado em frente a estabelecimento comercial, mais buraco para pular, outros
para não cair, mais um ou dois finos de outros carros e motos e uma volta em
torno de um nada só para entrar com o tênis cheio de barro no local do evento
para ver Pâncreas, Jack Doido, Ronco e Madame Rivera (banda que substituiu de
última hora a Declinium). O responsável por essa algazarra na região não
conseguiu estragar a noite.
O
lugar estava nitidamente cheio no último sábado e com a atmosfera fervilhando
no ambiente, com bons papos, encontros com novos e velhos amigos e um som que
mantinha uma boa vibe entre as pessoas até a primeira banda começar a tocar.
Quem abriu a festa foi a Pâncreas, que fez mais uma vez um bom show com
bastante empolgação e calor humano. O grupo estava com uma formação inusitada
dessa vez, com dois baixistas se revezando por conta do músico oficial ter se
ausentado por compromissos pessoais. Teve Rio Acima, eu Quero Você Pra Mim,
Remédio com a participação do Alex e da Sioux (ambos da Jato Invisível) e uma
homenagem a uma das funcionárias do Taverna com um Parabéns Para Você bem
caloroso. Foi mais divertido do que a apresentação anterior que presenciei e
com bastante energia. Se ainda não viu, vá ver!
Depois veio a Jack Doido, banda
que eu ainda não havia assistido de perto e estava curioso para ver como o trio
soava ao vivo! É bem na verdade um som punk com boas doses de grunge, dentro de
um repertório de músicas autorais e alguns covers. Os rapazes tiraram um
barulho legal dos seus instrumentos e isso com um certo grau de intimidade com
eles. A performance do baterista chamou a atenção pela sua presença vigorosa nas
baquetadas bem dadas nas peças da bateria e pela técnica em tocar sem sapatos,
mas com as meias. Dando sequência, a Ronco fez uma apresentação firme e
consistente, cada vez mais entrosada e sabendo utilizar os recursos que tem à
disposição de cada um de seus integrantes. Não houve hesitação por parte do
trio na execução de suas músicas e o som da casa até favoreceu a apresentação,
dando a audiência uma boa oportunidade de ouvir as nuances instrumentais do
conjunto. A Suicida e Cidade dos Sonhos estão cada vez melhores.
Quanto
a Madame Rivera ficam aqui as minhas sinceras considerações, tive que sair
antes deles subirem ao palco, mas espero vê-los em breve. Foi uma noite
divertida e empolgante, com muita gente curtindo as bandas e o lugar. Papos
sobre a Xuxa e sobre um conto roqueiro em meio a um churrasco que não acabou
muito bem no ano passado ainda deram pano para a manga de conversa no intervalo
entre uma banda e outra, assim como no caminho de volta para casa dentro de um
veículo e não se desviando dele.
*Matéria originalmente publicada em 10/05/2016.