Mais
outra noite de vento frio e chuva na capital baiana e mais uma boa oportunidade
de se livrar do edredom e sair de casa para conferir mais um som de rock
autoral. Dessa vez fui conferir um evento que já havia visitado anteriormente,
o Rock Squad, evento periódico do gênero na cena, que se encontrava na sua
segunda edição e que tem como princípio movimentar o cenário local sempre
levando ao palco quatro bandas locais, tendo nos seus cartazes temas referentes
a ficção científica no cinema. Dessa vez, os cartazes foram recheados por referências
a Star Trek e as atrações foram mais aguardadas do que blockbusters em fim de
semana de estreia.
Na
chegada, o lugar ainda estava um pouco vazio, uma das bandas passava o som e se
preparava para o início da sua apresentação. O público foi chegando aos poucos
e o ambiente foi ficando mais agradável com rostos familiares circulando pelo
lugar se misturando com outros rostos não conhecidos, o que é algo bem
interessante de se ver. Do início ao fim, as conversas giraram em torno da música,
da cena e de como nunca ter se identificado com o visual das bandas de hard
rock farofa da década de oitenta, menos pelas baladas. Essas sim não passaram
despercebidas. O bom humor dos grupos que se apresentaram também foi uma boa
marca de um lineup com ótimas performances.
Quem
abriu o evento foi a banda Os Tios. Ainda não a conhecia ao vivo e a primeira
experiência com o trio foi interessante. O som dos rapazes transita entre o
hard rock e o pop das décadas de 1980 e 1990, com vocalista bastante original
em sua voz (algo difícil para se ter dentro da proposta do som do conjunto) e com
repertório feito com autorais, além de algumas versões de outros artistas. Os
músicos se saíram muito bem ao vivo e esquentaram o lugar para quem chegava
para ver o evento, tocaram canções do seu primeiro disco, Para Onde as Coisas
se Vão..., e músicas novas que estarão no próximo cd a ser lançado ainda esse
ano, excelentes por sinal.
O seu show ainda contou com a participação do
Emanuel Oliveira (Jack Doido) nos vocais da versão forte de Acrilic on Canvas,
da Legião Urbana. Depois deles a Novelta, de Feira de Santana, subiu ao palco
do Taverna para executar o seu auto intitulado agreste rock. Assim como na
semana anterior, os rapazes despejaram uma apresentação objetiva e cheia de
energia, sem canseira e com alguns bons breves diálogos com a audiência, que
era mais cheia nessa hora. A empolgação foi grande na performance e o bom
entrosamento dos integrantes foi algo extra a se apreciar. Santa Poeira e a
nova Estrada formaram dois ótimos momentos na apresentação do quarteto
feirense.
De
Lauro de Freitas e também com disco novo à caminho, a Jato Invisível mandou bem
com o seu punk rock de primeira qualidade. A banda tocou antigas canções do seu
repertório e outras novas que vêm aparecendo no seu setlist nas apresentações
meias recentes, foi mais uma ótima apresentação da noite com o conjunto concentrado
e ao mesmo tempo à vontade no tablado. Ainda teve a participação do Shinna
Voxzelicks e Anderson L. (vocais da Pancreas e Os Tios, respectivamente) em
Remédio e do Matheus Cazé (vocal da Intrusos) em uma das canções finais. Foram
direto e reto, sem firulas e animou quem estava por lá. Encerrando a noite, a
Declinium fez mais uma apresentação memorável. Uma das melhores bandas da cena
fez mais um show acima da média e conquistou corações e mentes de quem estava
no evento.
O repertório do quarteto de Camaçari foi bem interessante, na dose
certa para quem foi vê-los novamente, para que estava vendo o grupo pela
primeira vez e para si próprio. A boa performance da banda é algo que parece
que sempre se fará presente com ela em cima do palco, diante da quantidade de
composições que possui e da entrega de cada integrante a sua música. Canções
novas foram tocadas nesta ocasião, como Dias Ácidos (com uma pegada psicodélica
garageira sessentista) e Velho Homem (essa mais guitar band e com um indivíduo
na plateia mais empolgado em querer escuta-la), Marte teve a sua interpretação
original revela e Fênix emocionou os seus admiradores mais fervorosos. Foi
bonito mais uma vez.
No
fim, público e bandas se confraternizaram em cumprimentos de despedida para
voltar para casa e de satisfação da alma através da música. Algumas fotos que
foram tiradas registraram bons momentos dessa passagem e quem não foi,
certamente perdeu uma boa oportunidade de ver quatro ótimas apresentações em
uma só noite, com bandas autorais do interior, da capital e região
metropolitana. Foi rock verdadeiro no Rock Squad 2 e que venham as próximas
edições.
*Matéria originalmente publicada em 13/07/2016.