Neste
último final de semana aconteceu aqui em Salvador a primeira edição do Festival
Sangue Novo. Este festival tem a sua origem em um programa de rádio local que
tem como proposta divulgar novos artistas da cena musical brasileira e o
Portal Soterorock foi até o Museu do Ritmo para saber como foi a festa.
Foi
mais um evento que aconteceu no bairro do Comércio e que utilizou o recurso da
meia entrada solidária onde, na doação de um livro, o indivíduo pagava a metade
do valor do ingresso. Isso atraiu muita gente. Com a mesma proposta do
programa, a grade do festival contou com cinco novos nomes da musica do país,
porém não tão novos assim. Além deles, houve ainda a discotecagem do competente
dj Mauro Telefunksoul e desfile comemorativo da T Camiseteria, que completou um
ano de existência. Me senti em uma verdadeira fashion week.
Quem
abriu as atividades foi a Vivendo do Ócio, banda baiana que recentemente teve
uma bem sucedida campanha na web de investimento para a realização do seu
terceiro disco. Ainda para pouca gente, os rapazes começaram o show com vontade
e bem no início o som do palco teve uma breve falha, mas foi logo contornado.
Eles tocaram velhos hits e algumas novas canções que estarão em Selva Mundo,
deixando suados os fãs que chegaram cedo para ver a banda. Normalmente as suas
apresentações são enérgicas e se as novas canções tocadas no show estiverem no
disco como foram apresentadas lá, provavelmente venha algo bom por aí. Depois
foi a vez do Dão subir no palco e tocar sua black music. Anunciado como um
artista que mistura a este estilo elementos da música brasileira, ele só nos
entregou isto da terceira canção em diante. Foi dançante? Com certeza! Mas
esperava ver um pouco mais dessa mistura durante a sua apresentação, o que não
aconteceu. Um ponto alto do show foi a sua versão de voz e violão para Acabou
Chorare, onde a maioria das pessoas pararam de conversar para cantar o
clássico em uníssono.
A
terceira a se apresentar foi a Márcia Castro. Com seu carisma e como sempre bem
animada, ela fez um show igualmente animado e prendeu a atenção do público com
canções já bem conhecidas. O show contou com a participação da cantora Marcela
Bellas em boa parte da apresentação e de mais três pessoas da platéia para
cantar De Pés no Chão. Ainda teve a versão de Malandrinha, do
Edson Gomes, e encerrou com o Frevo (pecadinho), faixa do seu primeiro
trabalho. Na sequência, o aguardado Filipe Catto executou a sua performance no
festival. Ele foi muito bem recebido, porém, mesmo com a boa voz e bem
comunicativo, não animou muito a quem já lotava o Museu do Ritmo. O show longo
e uma presença de palco tímida cansou, mas mesmo assim teve biz.
Encerrando
o festival, a cantora Céu trouxe novamente para a capital baiana a turnê do
disco Caravana Sereia Bloom. De longe foi a atração mais esperada do
evento. Ela cantou músicas dos seus três discos, sendo que as mais antigas
ganharam roupagens mais próximas do seu som atual. As músicas do seu disco de
estréia ficaram muito bem nos novos arranjos, já as faixas do Vagarosa
agradam mais na sua forma original. Se não me falhe a memória, este foi o sexto
show da cantora em Salvador e não deixou de atender as expectativas de quem foi
vê-la. Ainda houve biz com Chegar em Mim e uma versão à capela de Bubuia
depois de pedidos insistentes do povo do gargarejo.
O
Festival Sangue Novo cumpriu com o que prometeu dentro da sua ideia original e
soma para a cidade como mais um evento anual do circuito alternativo de
Salvador. Circuito cada vez menos com cara de "alternativo", o que é
bom. Ao fim, só restava comemorar o empate com cara de goleada do Bahia e
partir para o Rio Vermelho para ver o que acontecia por lá.
*Matéria originalmente publicada em 02/09/2015.