Para mais essa edição da nossa série de
entrevistas, trazemos como convidado o baixista Leo Marinho. Integrante da
banda Teenage Buzz, ele fala aqui um pouco sobre a sua trajetória musical, como
é estar na banda, como foi ganhar o festival “Desafio das Bandas” e a relação
desse fato com a Lei Seca. Também fala sobre as expectativas e pretensões do
conjunto sobre o aguardado primeiro cd cheio do grupo. Bem, agora é só se
ajeitar e aproveitar a entrevista.
Soterorockpolitano - Até chegar na Teenage Buzz
você já havia passado por bandas como The Honkers e Donna Blues, além também de
ter atuado como produtor de discos de outros conjuntos locais. O que essa
experiência lhe trouxe de melhor para ser o músico que é hoje?
Leo Marinho - Bom, a experiência com o Honkers foi legal e eu fiquei 5 anos lá, porém
eles já tinham uma história e eu sempre respeitei isso, então foi ótimo tocar
com grandes amigos ao lado, mas não cheguei a compor uma frase de caixa na
batera da banda, hehe. A Donna foi diferente, eu fui um dos fundadores, então
tivemos que sentar e compor tudo, eu produzi o EP com os caras, mixei,
masterizei, foi o cúmulo da independência, gravamos no meu estúdio, não tivemos
nenhuma ajuda externa, só da Brechó que prensamos lá o EP. Toco até hoje com
meu pai na Aluga-se, mas nós tocamos uma vez no ano. Todas essas bandas que
participei só me fez ter certeza de uma coisa como músico, eu quero estar na
música, pode ser até tocando meia lua, eu quero sempre estar numa banda, em
cima do palco, tocando com tesão e paixão, música é minha vida, eu estou
respondendo essas perguntas ouvindo música, o tempo inteiro é música. A
experiências em gravar discos locais, gravei bons EP’s, mas acho que o ponto
alto foi gravar Os Jónsons, os caras são geniais, não existem pessoas como eles
no universo. Ah, e mixar o EP dos Savages de Curitiba também foi uma honra do
caralho, Gean que tocava comigo no Futchers que é o guitarrista, banda foda,
Gean e Heitor são dois selvagens do Garage. Tocar em banda você termina se
dedicando mais ao seu instrumento, gravar e produzir uma banda você tem que
começar a pensar em tudo, tem que aprender a equalizar baixo, bateria,
guitarra, teclado, voz, etc, é uma outra linguagem.
SRP - Queria que você falasse um pouco sobre as
influencias da banda. Sei que possuem uma forte influencia do britpop dos anos
1990, mas há também muito de garage rock no som de vocês. Além disso o que mais
tem na musica da Teenage Buzz?
LM - Graças a Deus
chegamos na Teenage buzz, eu amo esses caras
hehe. A influência britpop aparece fortemente porque todas as bandas
britpop tem quase todas nossas influências, então vai sempre soar forte. De
repente queremos uma música ficar meio The Who e no fim a música fica meio
Supergrass ou Oasis, são as mesmas influências. Geralmente isso que ouvimos em
casa, The who, Beatles, Stones, Animals, Small Faces, The Faces, David Bowie, Velvet,
Oasis, Blur, Paul Weller, Neil Young, ai partimos pra Motown em geral, Stax,
Northern Soul, vem também influências do Pop Barroco como Zombies, Beach Boys,
a primeira fase do Bee Gees, Simon & Garfunkel, isso é o que ouvimos. As
vezes também paramos pra ouvir uma coisa mais moderna como Miles Kane, The
Moons, até Black Keys.
SRP - Vocês participaram do festival
"Desafio das Bandas", que viabilizou a gravação do novo trabalho do
grupo pelo fato de terem vencido o concurso. Como foi ter vivido essa experiência
que foi um marco na carreira da banda?
LM - Foi incrível
vencer o festival, a gente nem acreditou na verdade. Entramos no susto, e
vencemos no susto. Entramos com um vídeo que você até estava no show do
pelourinho, não tinha 10 pessoas ali, mas tocamos bem no vídeo e com amor,
tanto que no vídeo parece que estamos tocando para milhões de pessoas, hehe.
Vencemos com a música Blinding Light, que é a do vídeo que mandamos daquele
show que nós tivemos que pagar uma multa de Lei Seca, é a vida no rock em
salvador, por causa daquele dia tivemos que pagar uma multa de Lei Seca e por
causa daquele dia ganhamos um festival gigantesco, hahaha. Nós ganhamos na
verdade um EP com 6 músicas e 1200 cópias, aí negociamos mais 5 pra fazer o
disco, e hoje temos nas mãos um disco de 11 músicas, que sairá logo.
SRP - Como foi o processo de gravação do cd?
Foi diferente da forma como vocês gravaram o seu primeiro EP? Quais benefícios
e diferenciais essas sessões de gravação trouxeram para o som da Teenage Buzz?
LM - Foi
completamente diferente. No meu estúdio gravávamos geralmente por pista, então
a Teenage, na época com outro baixista, fizeram por pista e eu produzi o EP.
Depois fizemos também por pista algumas músicas soltas como Ms Marine, Another
Song, já comigo no baixo, tudo por pista tambem. Esse aí foi diferente, Tadeu
Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas), produziu o disco e foi um dos jurados
do festival, e ele foi meio Phill Spector (sem revolver, haha), dizendo que
tínhamos que gravar todo mundo junto, começar a ensaiar com metrônomo na cabeça
de Andrés, até tudo soar coladão. Foi o que fizemos, paramos de fazer shows e
ensaiamos quase que diariamente com o metrônomo até acertar tudo. Bom, o som da
banda hoje tá mais colado mesmo, estamos nos entendendo mais, meu baixo com a
batera grave de Andrés estão sempre se comunicando, é isso que sentia falta
quando era batera, eu toquei com grandes baixistas sempre, mas agora que sou
baixista, eu sinto que pra colar mesmo a batera precisa se afinar com o baixo,
e isso acontece com Andrés. Meu baixo é gravão e casa perfeitamente com a
batera dele com a caixa afinada mais grave e as outras peças sempre soando mais
grave, isso dá nosso swing, sou muito feliz tocando baixo, não me arrependo
nada ter trocado a batera pelo baixo. Hoje eu digo que a Teenage tem um timbre
único, e isso eu nunca consegui em nenhuma banda. Você vai nos ouvir depois
desse disco e falar: “isso é Teenage”, e vai de repente ouvir uma música nova
nossa em algum lugar e vai diz: “olha, a nova música da Teenage”, porque depois
desse trabalho, nós criamos nossa identidade. Outra novidade é que contamos com
participações de Tadeu Mascarenhas, Nancy Viégas e Thiago Schindler no disco.
SRP – E o que esperar desse novo disco? Será um
cd só com inéditas ou também com musicas mais antigas? Vocês, desta vez, irão
fazer prensagens físicas dele?
LM - Pode esperar
desse disco uma cara real da Teenage, o que é a Teenage mesmo, a formação
clássica tocando com paixão. É um disco com 10 músicas inéditas e uma
regravação. Irão sair 1200 cópias físicas desse disco que será chamado
Generation Dreams.
SRP - Quais as expectativas da banda para o
lançamento do cd? Já tem data de lançamento e pretensões de cair na estrada
para divulgação?
LM - A expectativa
é ser um disco bem recebido para abrir portas para tocarmos bastante fora daqui
de Salvador, que é o que nós almejamos, explorar o Brasil e o mundo, hehe.
Ainda estamos negociando data de lançamento, mas já já saí o primeiro single,
terminamos já de mixar com o nosso guru gênio Tada, essa semana já vem
novidades.
SRP - A banda se sente sortuda por ter
conseguido esse prêmio em meio a tantas dificuldades do cenário e ainda
cantando em inglês?
LM - Claro, somos
do underground né cara, pessoas reais que você vê diariamente, ganhar um prêmio
desse é realmente satisfatório. É um mix de sorte e competência, nós nos
dedicamos diariamente por essa banda, esses caras são minha família, eu não
consigo mais tocar com outras pessoas que não eles, eu amo esses caras.
SRP - Você acha que o idioma pode ser um fator
negativo para uma banda brasileira, ou você não enxerga problema nisso? Como
você acha que esse fato pode influenciar na projeção da banda daqui para
frente?
LM - Se falando em
mundo, isso não será problema, se falando em Brasil, pode ser um problema, mas
a América do Sul é grande, o mundo é gigante, temos o Brasil e milhões de
países pra tentar tocar, e vamos lutar pra tocar em todos os lugares possíveis.
Nós não temos culpa se quando vamos compor, nossas músicas saem em Inglês.
SRP - Falando um pouco sobre a cena local, você
acredita que vivenciamos um bom momento? Ou ainda falta muito para chegar a
isso?
LM - Sim, Os
Jónsons estão agitando legal aí, estão surgindo bandas legais, fora as que
todos nós já conhecemos que estão ralando por aí.
SRP - Para finalizar, sempre deixamos um espaço
para que o entrevistado deixe um recado, ou uma mensagem, para os nossos
leitores. Tem algo que você gostaria de expressar neste momento e que queira
compartilhar com quem está lendo?
LM - Se quer fazer
Rock em Salvador, faça com amor, tesão, paixão, é só disso que precisamos, o
resto é consequência. A coisa mais satisfatória na minha vida é estar em cima
do palco tocando com meus amigos ao meu lado.
Conheça o som da Teenage Buzz
*Matéria originalmente publicada em 01/06/2015