A série "Mais uma Cara do rock Baiano"
retorna mais uma vez aqui no Portal Soterorock e traz uma entrevista com Suzi
Almeida, nova vocalista da banda Invena. Aqui ela fala um pouco sobre a sua
relação com o rock, a sua entrada na Invena, a cena local e sua opinião sobre o
machismo no rock. Agora é só ligar um som, se ajeitar onde estiver e acompanhar
essa entrevista bacaníssima.
Soterorock - Gostaria de começar a entrevista com você
me falando um pouco sobre a sua influência musical. O que mais te influenciou a
querer fazer rock?
Suzi Almeida - Meu histórico de rock iniciou na adolescência com a
Legião Urbana. Eu ouvia muito. Consequentemente o rock nacional dos anos 80 e
90 me levaram a querer conhecer mais sobre outras vertentes. Neste mesmo
período ouvia Guns, Scorpions, Beatles e por aí vai. Quando vim morar em
Salvador em 2001 eu não tinha mais dúvidas em fazer esse estilo. Muitas vozes
femininas como Cranberries, Janis Joplin, Roxette me influenciam também.
SR - Sei que antes de entrar na Invena você fez parte
de um grupo chamado Biossonoros. Qual era a proposta da banda? Além dela você
fez parte de mais algum outro projeto musical?
SA - A
banda era composta por três estudantes de biologia, por isso este nome. Nossa proposta era algo mais acústico, com
influências do soul, blues e do pop rock nacional. Cantei numa banda que tinha
um estilo mais reggae. O som era estilo lual, meio acústico também, não havia bateria.
Nesta eu dividia a voz com Ricardo, que era o vocalista principal da banda onde
a maior parte das músicas ele que compôs.
SR - Os outros dois ex-integrantes continuam na
música?
SA - Sim.
Um deles tem um projeto com músicas evangélicas, acho que tocam outros estilos
também. O outro no momento não está com banda.
SR - Como foi para você assumir os vocais de uma banda
que vinha de uma boa temporada de shows e de um constante crescimento da sua
popularidade? E como foi a sua adaptação ao trabalho do grupo?
SA - Inicialmente
fui convidada a fazer uma participação especial numa música da banda, na qual
eles gostariam de colocar uma voz feminina. A produção me enviou um cd e
sinalizou qual a música que eles gostariam da minha participação
("Memórias"). Quando ouvi as músicas da banda gostei de cara. E aí
fiz uma versão com minha voz e violão da música e enviei. A banda amou e um
tempo depois eles me convidaram a fazer um teste pra banda tendo em vista que
estavam sem vocalista. Fiz o teste, fui aprovada, e a banda me recebeu muito bem, com muito
carinho e disposição para mudar tom de várias músicas já que se tratou de uma
substituição de voz masculina para feminina. Acho que a nossa maior dificuldade
foi neste aspecto, de ter que modular algumas músicas. No geral, o retorno do
público tem sido positivo, graças a Deus!
SR - Soube que a Invena está em processo de gravação
do novo disco. O que esperar da banda para esse novo cd? Será um trabalho só
com inéditas, ou vocês irão incluir canções antigas?
SA - Inéditas
e antigas. Estamos vindo com novidades. A começar pelo fato de ter na frente da
banda agora uma voz feminina, né? Rsrs. Mas vem coisa boa por aí sim. Podem aguardar.
SR - Alguns dizem que o rock é um estilo musical
machista, muito por conta da sua origem e pela quantidade de homens fazendo essa
música. Você concorda com isso? Já sofreu algum tipo de resistência dentro do
estilo?
SA - Discordo.
O rock expressa vários tipos de sentimentos. Fala-se de amor, política,
religião, de quase tudo. E nessa área as mulheres também conquistam seu espaço.
Olha quantas bandas conceituadas tanto no cenário nacional quanto internacional
são compostas por mulheres! Eu até o momento não tive nenhum tipo de objeção de
alguém por cantar rock. Mas não acho difícil de isso acontecer uma vez que o
rock possui várias vertentes e com isso algum estilo ter mais resistência por
vozes femininas, vai saber? Rs.
SR - A cena local vive uma boa fase, com grupos
fazendo shows constantes e gravando materiais com alta qualidade. Como você
enxerga o cenário roqueiro local nesse momento?
SA - Vejo
o nosso cenário Rock ganhando mais espaço atualmente. Muitas bandas boas
surgindo, muita coisa nova e de qualidade. Percebo uma fase boa e que vem
crescendo ainda mais. Acho que o Rock soteropolitano está finalmente
conquistando o espaço que merece.
SR - Quais bandas daqui da Bahia e de fora (inclusive
as gringas) que você tem mais escutado ultimamente? O que tem te chamado mais a
atenção?
SA - Ultimamente
das bandas de Salvador tenho ouvido muito a Maglore. Mas gosto de outras também. No geral, estou numa
fase meio indie nacional. Tô ouvindo muita coisa nacional e Internacional. Tiê,
Tiago Iorc, Sia, The Cardigans etc..
SR - No final da entrevista sempre abro um espaço para
o entrevistado deixar uma mensagem para os nossos leitores. Qual é a sua para
eles?
SA - Quando
penso em uma mensagem, é inevitável não pensar em música que pra mim tem um
poder enorme de comunicação. Por isso vou encerrar com uma frase de uma música
do Renato Russo, pode até ser meio clichê, mas ele tinha um dom incrível de
conseguir se expressar nas suas letras. Então vai... "Quem pensa por si
mesmo é livre e ser livre é coisa muito séria! Não se pode fechar os olhos, não
se pode olhar pra trás sem se aprender alguma coisa pro futuro".
*Matéria originalmente publicada em 08/09/2015.