Administrar
“x” número de integrantes dentro de uma banda de rock não é uma tarefa das mais
fáceis. Não é mesmo! Cada cabeça é um universo, com gostos e preferências
distintas, referências musicais diversas (o que é algo bom) e compromissos
extramusicais que em várias vezes são priorizados por motivos pessoais. Tudo
isso e um pouco mais. Você que tem um grupo, ou não, sabe o quanto é puxado
tentar marcar ensaio, agendar show e finalizar uma gravação quando se é uma
dupla, um trio, um quarteto e, estourando, um quinteto.
Agora,
imagine isso quando o conjunto é formado por sete pessoas! Isso mesmo, sete
diferentes personalidades e suas possibilidades musicais dentro dos seus
dilemas no cotidiano de cada um. É assim com a Cartel Strip Club, que lançou o
seu EP de estreia nesse ano de 2015 depois de muita atividade fazendo bastante
apresentação, lançando clipe e emplacando música no XIII Festival de Música
Educadora FM. Nada Novo Debaixo do Sol surge com três faixas propicias para uma
rápida audição.
Ao
longo dos treze minutos de música, com composições fortemente influenciadas
pela vertente indie dos anos 1990 e muito mais dos anos 2000, o conjunto mostra
uma personalidade concisa percebida nos seus shows, mesmo com tanta gente
envolvida no processo criativo do grupo. O EP abre com Foreign Boy, música que
tem vocal bem dividido entre o vocalista e a vocalista da banda e o revezamento
no backing vocal entre ambos, cozinha tranquila, com refrão radiofônico de voz
rasgada e solo que segura bem o final da música no final. Depois é a vez de
Dita Parlo, a faixa que mais se destaca na obra. Ela tem na sua intro o que
parece ser um diálogo entre Walter White (ou o Heisenberg) com o Jesse Pinkman.
Nela, a voz da Ana Esther aparece sozinha fazendo bem para a canção que tem um
bom som de bateria e guitarras de mãos dadas com backing vocals no melhor
estilo The Breeders.
Fechando o EP vem a faixa Seu Nome, canção que participou
do XIII Festival de Música Educadora FM e a única cantada em português da banda
neste momento. Tem bons instrumentos de sopro e foi feita para tocar no rádio,
na novela, no cinema e na série de TV. Sem ser creditada no encarte, a canção
Valentina aparece no EP como uma hidden track depois de alguns segundos em
silencio ao fim de sua antecessora. Som com vozes e violão, ela é a personificação
do indie dos anos 2000/10 dentro da Cartel Strip Club, lembrando bandas como
Avi Buffalo.
Mesmo
com a quantidade de integrante na banda acredito que esta não tenha sido uma
obra difícil de ter sido registrada. Com direito a faixa secreta, o som do grupo
não dispara para todos os lados, o que o deixa mais interessante, juntamente
com o inglês claro da maioria das composições. Em determinados momentos é tão
claro que parece lição de curso de idiomas. O indie rock dá o tom em todas as
passagens de Nada Novo Debaixo do Sol, que é uma boa entrada para quem não
conhece o som do septeto.
*Matéria originalmente publicada em 07/01/2016.