Sempre
rola aquela máxima de que “crítico jornalista é um músico (ou qualquer artista)
frustrado”. Ouço isso há tempos e sempre me enxerguei na contramão disso,
porque eu sou um músico que é um jornalista frustrado. Amo ler resenhas, tanto
de discos quanto de shows, filmes, programas de TV e etc. Pra mim, a resenha
tem um papel extra na hora de gerar o interesse sobre uma obra e, por amar
escrever, sempre procuro a oportunidade de fazer uma. Por isso estou aqui, me
escalando para escrever sobre a primeira edição do festival Soterorock
Sessions.
Antes,
contudo, é importante deixar claro que é uma tarefa complicada, pois uma das
atrações foi a minha banda e também é desafiador escrever uma resenha sobre o
show da banda de um cara que faz as melhores resenhas do nosso cenário rocker.
Mas vamos nessa!
A
primeira atração da noite foi a ExoEsqueleto, banda na qual eu sou vocalista e
guitarrista. Sem rodeios, foi uma boa apresentação, particularmente divertida.
Apresentamos todas as músicas do nosso 1º disco e mais duas do próximo (que
está em fase de pré-produção). Foi legal ver o interesse da galera pelo som da
banda e, mais ainda, ver alguns Brothers berrando algumas letras. Aguardo
ansiosamente pela visão do mestre Cima sobre essa apresentação.
O que veio a seguir foram os
headliners Game Over Riverside e foi bonito de ver os caras no palco. 8
anos não fizeram diferença alguma pros caras. Parecia que eles haviam tocado no
final de semana passado. Com um som cru e cheio de boas influências, algo
marcante do cenário underground nos já saudosos anos 2000, os destaques vão
para o nada frustrado crítico jornalista, Leonardo Cima com uma bateria segura
e que empurra os riffs e melodias (outros destaques positivos da G.O.R.). Como
guitarrista, o que enxergo como algo não tão positivo, foi o fato de as três
guitarras não funcionarem tão bem na estrutura de som do Taverna, mas isso nada
tem a ver com os caras da banda. No fim das contas foi a celebração de uma bela
amizade e um retorno “sangue nos olhos”.
A cidade
baixa dominou o Rio Vermelho de vez quando a Búfalos Vermelhos subiu no palco
já na madrugada de sábado. Confesso que sou fã de todos os derivados dos irmãos
Jende: Tentrio, Trônica e BVOE. Pra segurar a onda de um duo tem que ter
qualidade técnica. E isso os caras tem de sobra. Com canções do EP lançado no
ano passado, destacando a pedrada “Chão pisado”, e mais algumas que não
conhecia, o que saltou aos ouvidos, além da execução perfeita dos irmãos, é o
vocal incrivelmente bacana e diferente de Thiago. Definitivamente, a Búfalos é
uma banda na qual sempre se aprende algo sobre música quando se ouve ou
assiste.
Missão
cumprida pelas bandas, cabe o elogio à produção do evento e ao público bastante
interessado nas apresentações. No mais, foi voltar pra casa de madrugada com a
sensação de ter tido uma noite de melhor qualidade. Que esta seja a primeira de
muitas edições do Soterorock Sessions.
*Matéria originalmente publicada em 27/09/2015, por André
Dias
(vocalista e guitarrista da banda Exoesqueleto).