Na
última quarta-feira teve rock na capital baiana e saí de casa para conferir o
evento Quartas de Peso, que acontece toda quarta no Taverna Music Bar. Com a
festa possuindo uma característica mais pesada, sempre trazendo sons de mais
peso, essa edição contou com bandas de perfis mais diversos, uma com a veia
mais pop rock e a outra mais ligada a uma vertente nu-metal, sendo que ambas
possuindo em comum o local de sua origem, a cidade baixa.
A
chegada no lugar foi cedo. No princípio não havia muita gente, mas foram
surgindo algumas mais no decorrer da festa, que foi bem animada e calorosa. Os
dois grupos não se intimidaram por tocar em um meio de semana e para poucas
pessoas. O que valeu mesmo foi o gosto verdadeiro em fazer rock e se divertir
com isso, ambas as bandas estão praticamente reiniciando as suas atividades na
cena e o que não faltou foi ânimo para as duas.
A
primeira a se apresentar foi a banda Invena. Contando com uma nova formação,
bem diferente da última vez que os vi, o grupo tem agora uma vocalista, Suzi
Almeida, e novo guitarrista e baixista. Remanescentes da formação anterior,
Pedro Jorge Oiticia e Adamis Ribeiro completam o conjunto. Com um repertório
mais conciso e contando com mais músicas autorais, a banda se saiu bem nesse
que foi um dos seus primeiros shows do ano. A mudança na voz masculina para uma
feminina caiu bem nas antigas músicas do grupo e, principalmente nas novas. Dá
para perceber uma influência de Nina Person (The Cardigans) na voz da frontwoman,
que faz um pouco a banda tomar um direcionamento que mescla o rock noventista
com a suavidade das cantoras de bandas de rock europeias. Até o aspecto dos
covers, que era algo que atrapalhava a banda no palco, ficou mais bem resolvido
desta vez, com músicas escolhidas sem atirar para qualquer lado e mais próximas
do seu estilo musical. Músicas mais redondas, banda bem ensaiada, vocalista
carismática e ótimos novos integrantes fizeram um bom início de festa.
Encerrando
a noite, a Olhos Para o Infinito pesou a mão nas suas canções. O trio tocou
músicas bem elaboradas, em uma linha de peso característica de bandas do metal
alternativo, como Deftones e Baroness, e com uma sonoridade bem cuidada e
volumosa. Bons riffs de guitarra e cozinha dialogando bem, fazendo uma ótima
base para as seis cordas que gritava em alto e bom som. O repertório da O.P.I.
contou com bastante canção autoral e covers de bandas que se aproximam da sua
sonoridade. Algumas de suas músicas possui temas longos e interessantes, que
servem para bater cabeça e cabelo sem medo de ser feliz, assim como nas mais
diretas. Um momento só de voz e violão e uma versão de No Ordinary Love, da
Sade, foram interessantes e essa última ainda contou com a participação
especial da Suzi nos vocais. Fechou bem a noite!
Foram
performances divertidas, mas a quantidade de covers no repertório das bandas
ainda é algo a ser pensado por ambas, se houvesse menos covers em seus setlist,
os deixando mais enxutos, seria bem mais interessante do que foi. Mas a noite ainda
foi feita de bons papos sobre assuntos musicais, series de tv, OVNIS e visões
pós apocalípticas de um ou dois velhos estúdios quase icônicos da cidade baixa.
Na verdade, as visões foram bem reais e atuais.
*Matéria originalmente publicada em 21/03/2016.