Um momento de virada e
transição para uma banda pode ocorrer durante muito tempo. Em alguns casos isso
acontece rápido, porém, na maioria das vezes, é longo o caminho para que se
passe esse período. É até necessário! Se adaptar e amadurecer novas ideias e
som demandam uma certa atenção e dedicação, e toda e qualquer contribuição para
tal pode agregar mais valor a esse esforço.
Assim aconteceu com a
Invena, banda soteropolitana na ativa desde a primeira década dos anos 2000 e
que caminhou pela trilha da adaptação para chegar até a sua sonoridade pop rock
atual. A sua recente e mais drástica mudança foi a reposição de um vocal
feminino no lugar de um vocal masculino à frente da banda, antes, o giro
constante de integrantes que passaram pelo grupo também deixou a sua marca. Da
formação original apenas o guitarrista, guru e mago das composições pegajosas
do rock baiano, Pedro Jorge Oiticica, permanece no conjunto. Com ele, o
baterista Adamis Ribeiro, o guitarrista Tom Souza, a vocalista Suzi Almeida e o
baixista Cesar Lima formam o quinteto que faz em seu som um rock de alto
potencial radiofônico e de diversas influências roqueiras.
Com composições que
transitam entre o power pop bubble gun expressivo e o peso de guitarras de
bandas independentes dos anos 1990, a Invena pode agradar os ouvidos daqueles
que gostam de delicadeza e ataque. O hard rock também se faz presente em meio
as suas referências musicais e bons solos de guitarra não ficam para trás. Para
quem aprecia The Cardigans, The Cranberries, Mutantes, AC/DC, Nirvana e tudo o
que segue esses nomes, a Invena pode chegar de maneira forte no gosto do
ouvinte. Os shows demonstram bastante o caráter disciplinado dos componentes do
conjunto quanto ao seu compromisso com a música, neles possuem um mistura de
covers e sons autorais em seu repertório e cada vez mais essas últimas têm
ganhado mais espaço no seu set list.
A banda se prepara para
lançar o Dom Quixote Urbano na Contramão, seu novo disco, já no final desse mês
de julho, no The Other Place, em Brotas, e conta com oito composições próprias.
Duas delas são inéditas e as demais são releituras de faixas já investidas pela
sua formação anterior. O disco levou um ano e meio entre o término de sua
produção e o seu lançamento, mais um reflexo da transição vivida pelo grupo, e
o resultado ficou acima da média. No início do ano, o conjunto disponibilizou
na web a inédita A Lacuna, single cheio de punch, direto e reto, que aqueceu e
anunciou a chegada desse seu mais recente trabalho.
Certamente, todo o esforço e
energia voltados para lidar com mudanças se fazem bastante válidos e benéficos
quando há uma intensão em comum em se divertir fazendo música. Pode não ser uma
das coisas mais fáceis, mas vale a pena demais.