O Portal Soterorock aproveita a chegada da quarta edição do Soterorock Sessions e estréia uma nova série: a "Discoteca Básica Soterorock Apresenta". Nela, os músicos das bandas convidadas escolhem, no mínimo, dois discos que consideram importantes no rock, e falam sobre a importância de cada um deles em suas carreiras, como os influenciaram antes e como continuam relevantes atualmente. Uma ótima maneira de entender melhor e desvendar a música de um grupo.
Inaugurando a série, nada mais justo que a Invena, primeira banda anunciada da quarta edição do Soterorock Sessions, trazer aqui quais discos moldaram os seus músicos, quais sons formaram as suas características e que levaram o conjunto a ter a veia musical que possui, tudo em suas próprias visões. A relação pessoal de cada um com as obras é o grande destaque aqui desta edição. Boa leitura e veja se se identificou com algo!
Adamis Ribeiro (baterista)
Van Halen - 5150/Balance
Sou um músico apaixonado por bandas da década de 80/90. Poderia citar várias como: Journey, Kansas, Europe, Survivor, porém tem sempre alguma que se destaca e na minha humilde opinião, sem dúvidas, é o Van Halen. Gosto de todas as três fases, mas aquela
que mais gosto é a de Sammy Hagar, onde além de ser uma fase de muita melodia e musicalidade Alex (baterista) está excelente. Destaque para faixas como I Can't Stop Love You, o Why Can't This be love, entre outras. Sua musicalidade, pegada e timbre são fortes
e destacam a música valorizando-a ainda mais.
A minha outra grande referência e influência na minha maneira de tocar é Mike Portnoy (muita gente vai falar, mas você toca Pop Rock, onde é que entra o metal progressivo no seu estilo?). Pois o rock progressivo abre sua mente de tal forma que vc passa
a ver a música de forma diferente e sente que pode tocar as coisas de uma outra maneira fugindo do convencional. Já toquei em uma banda de rock progressivo e foi uma experiencia fora do comum (banda Ancorah), e, poderia citar vários discos do Dream Theater.
Porém a somatória de Mike pra mim foi um disco que ele fez com sua outra banda, o Transatlantic, no disco Bridge Across Forever. Um CD com 4 músicas surpreendentes onde eu aconselho a qualquer amante de boa música ouvir. Diria que é uma mistura de Roupa Nova
com Rush. Essa é a comparação. Super indico esse disco espetacular!
Yohan Mesquita (baixista)
Sempre tive dificuldade em falar de bandas através dos seus álbuns. A sonoridade evolui, amadurece e isso acaba sendo uma faca de dois gumes. Decidi falar de 5 álbuns que carrego como influências (não necessariamente refletidas no que toco) e deixarei
uma indicação de música para cada álbum.
Rancore - Liberta
Rancore - Liberta
Liberta é a minha filosofia de vida. Fala sobre o seu eu interior, de como você interage com o universo ao seu redor e como ele corresponde. O álbum tem letras simples, mas que trazem toneladas de reflexões, desde a relação entre bem e mau, passando pelo Mito da Caverna de Platão e chegando a idéia de contemplar o escuro pessoal. Aquele Hardcore moleque feito com bastante seriedade.
Indicação: Escadacronia
Rage Against the Machine - Rage Against the Machine
Minha admiração por RATM é absurda e nesse álbum ainda mais. Um dos poucos álbuns que toco na íntegra!! A visceralidade mostrada aqui é sem igual. Acho que dispensa comentários essa obra prima.
Indicação: Wake Up
Cidade Negra - Enquanto O Mundo Gira
Sabe aquele álbum bem excluído que até a banda esquece dele e não toca nenhuma música em shows ao vivo? É esse álbum. E acredite, é um grande álbum, produção incrível do mestre Liminha, arranjos bem bonitos, etc. Nenhum hit de sucesso, mas ainda acho o melhor álbum da Cidade Negra.
Indicação: Mandem
Pat Metheny Group - Still Life (Talking)
Eu cresci ouvindo Pat Metheny e não fazia idéia. Meu pai sempre gostou muito de música instrumental, e Pat Metheny sempre esteve dentre os artistas que ele mais ouvia. Depois de muitos anos, um amigo me mostrou esse álbum, e eu, com um pouco mais de maturidade musical, passei a prestar mais atenção e ele me despertou coisas novas. Pra quem gosta de Jazz Fusion, é um prato cheio.
Indicação: It's Just Talk
Minus the Bear - Planet of Ice
Pra finalizar, trouxe algo que pra mim é relativamente novo, o Math Rock. Tive o primeiro contato com o gênero com o álbum Newborn Sun da banda CHON, me apaixonei pelo estilo e comecei a estudar um pouco mais a fundo até chegar em Minus the Bear e ver que são influência de bandasa brasileiras que escuto bastante como Supercombo e Menores Atos. Planet of Ice é um puta álbum com timbragens muito únicas e o mundo precisa conhecer esse álbum!!
Indicação: Knights
Suzi Almeida (vocalista)
Pra mim que sou quase que movida à música, escolher apenas dois álbuns no meio de tantos outros e tantas outras bandas que amo e que marcaram minha vida, é uma missão quase impossível! Mas, para atender a essa missão, levei em consideração fases diferentes da minha vida e, além disso, o fato de eu ainda hoje ter vontade e querer ouvi-los. Quando fazemos música, ou somos parte de uma banda, é fato que nossas influências musicais vão junto, e neste contexto, escolhi 2 álbuns que até hoje podem me trazer referências musicais.
Vou começar falando do álbum Dois da Legião Urbana. A banda posso dizer que foi trilha sonora de toda minha adolescência, meu período de colégio, saída de casa e etc. Legião Urbana faz parte de nossas vidas até hoje. Este álbum em especial, foi o escolhido pelo fato de que simplesmente sinto até hoje uma vontade absurda de ouvi-lo em alto e bom som, e o melhor, quero ouvir em CD físico, para deixar a viagem nostálgica ainda mais presente. Posso deixar esse álbum rolar inteiro sem pular faixa, e Daniel na Cova dos Leões que me mata sempre! Ele foi lançado em 1986, e meu contato com ele foi ao início da década de 1990 através de uma fita k7 e de lá pra cá, nunca mais saiu de minha vida e é sem dúvidas influenciador em composições ou pitacos musicais.
O segundo álbum escolhido embalou uma fase bem diferente de minha vida, eu já não era mais adolescente, já morava longe de casa há algum tempo e foi no ano em que eu vim morar aqui em Salvador o meu 1° contato com ele. Estou falando do Vitalogy, da Pearl Jam. Este álbum foi lançado em 1994, e eu só conheci essa pérola em 2001, imagina!!! Através da música Nothingman, que foi de fato a primeira música que conheci da banda e que me fez pesquisar e querer saber e me tornar fã de carteirinha da mesma, foi que cheguei a esse álbum que sem dúvidas marcou minha vida. Marca pelos sons fortes que entoam, por me introduzir de vez no universo grunge que me identifiquei de cara e que marcou bem aquela fase de minha vida que cheguei novata nesta cidade, meio revoltada e numa fase difícil na época. O álbum me chamou logo atenção de cara pela capa, aquela coisa diferente, parecendo uma caixinha de papelão, com um preto surrado e que quando você a abria encontrava um livrinho cheio de fotos da banda e de anotações das próprias composições com a letra de Eddie Vedder. Amei e amo até hoje. Então é isso, já que eram apenas 2 álbuns, escolhi estes dois por ainda fazerem parte da minha trilha sonora pessoal, por me trazerem influências musicais e por terem marcado minha vida.
Pedro Jorge Oiticica (guitarrista)
No rastro dessa banda insana capitaneada pelo mestre Iggy Pop, um disco que me mostrou o lado mais obscuro e polêmico do rock com riffs marcantes e hipnóticos. Punk rock em estado bruto e primitivo. Foi para mim um direto e certeiro soco no estômago.
Husker Dü - Warehouse: songs and stories
Uma das que figuram entre as minhas 10 melhores bandas de rock. Um trio comandado pelo excelente músico e compositor, Bob Mould, que encerra os trabalhos com um disco com arranjos belíssimos e músicas ganchudas. Importante ressaltar que este disco moldou bandas como: Pixies, Nirvana, Dinosaur Jr e o Seaweed.
Joy Division - Closer
É um disco inovador e cheio de fusões sonoras, música eletrônica, punk, psicodelia. Recheado de letras noturnas e existenciais que culminou no suicídio do seu líder e enigmático vocalista, Iam Curtis. Assim um estilo próprio e ímpar para minhas referências musicais, sendo uma fonte inesgotável de ideias.
The Modern Lovers - The Modern Lovers
Liderados pelo genial Jonathan Richman, dizem que eram o paraíso entre The Stooges e o Velvet Underground com pitadas da seminal New York Dolls. Este disco me fez ficar fã da banda e me influenciou consideravelmente na forma de compor e tocar.